Estão todos aí?

Todo jornalista, todo escritor, todos que se propõem a publicar seus textos são vaidosos, narcisistas por excelência. E eu sou um deles - um narcisista inseguro. Por isso, resolvi postar em vez de me prostrar. A idéia de “Por Volta da Meia Noite” surgiu para compartilhar devaneios, reflexões e amenidades com quem estiver disposto. Mas por favor, não leve me leve a sério. Todas essas palavras são despretensiosas, embora eu não as esteja jogando ao vento.

Logo acima, escrevi idéia porque tenho até 2012 para me adaptar às novas regras ortográficas, então, acostume-se com a escrita dentro e fora dos padrões.

Por falar em palavras, não me lembro se li, ou se alguém me disse que um escritor tem 15 páginas para te convencer a ler seu livro. Se depois disso você não sentir atração pelo texto, parta para outro (livro ou escritor).

Aqui não existirão livros. Digitarei 500, mil, cinco mil caracteres (textos enormes, se pensarmos que a nova moda são os 140 toques por postagem), portanto, não hesite em parar de ler caso o primeiro parágrafo não agrade. Vá para outro texto, outro blog, ou então, vá para a puta que pariu.

Aproveite!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pedindo com jeitinho

Bares descolados com decoração alternativa e muita gente bonita. Música boa, cerveja gelada, drinks bem feitos e um rango de primeira. Melhor coisa do mundo, concorda? Não necessariamente, xará. Muitos desses bares só contratam caras com pinta de modelo e mulheres lindas, gostosas e até cheirosas para serem garçons ou garçonetes. O problema: muitos (pra não dizer quase todos) não fazem a menor idéia de como servir. Andam pelo bar como se estivessem em um desfile, e, por isso, não olham para as mesas.

O que precisamos fazer? Levantar os braços durante horas para sermos atendidos. Sempre tenho vontade de levar umas bandeirinhas comigo, assim posso ficar sinalizando da mesma forma que aqueles caras que trabalham em porta aviões fazem. Quando perguntamos para a “garçonete” linda e gostosa se o prato que pedimos ainda vai demorar, ela não sabe qual o seu pedido ou se esqueceu de fazê-lo. Tomara que não esteja com fome, sua comida ainda vai demorar muito a chegar.

Todo mundo já passou por isso e vai continuar sofrendo com a situação. A partir de agora, não vou mais ficar nervoso com esse pessoal. Não chegarei ao ponto de assoviar para ser atendido. Se eles demorarem muito a me atender, vou começar a gritar, mas não um grito de quem está puto. Vai ser assim: “Me dá meu chopp, Pedro! Seu filho dá puta! Traz meu chopp Pedro! Eu estou pagando por ele! Pedrooooooooo! Me dá meu chopp!”

Se você não entendeu o motivo do grito, dê uma olhada no vídeo abaixo.



quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Você é “O” cara ou O Cara?

Se nasceu para dirigir (ou melhor, pilotar) um Aston Martin, ver as horas em um Omega, vestir os melhores ternos e dormir com as mulheres mais lindas do mundo, você é “O” cara. Agora, se nasceu para usar uma bermuda xadrez e um casaco ridículo, não se preocupe. Vai dirigir um carro caindo aos pedaços e o pior, usar uma Melissa (pois é, aquela sandalinha transparente). A vantagem: vai querer ser chamado de O Cara e tomará a melhor bebida do mundo – vodka, licor de café, creme de leite e um pouco de gelo.

O que prefere? Tomar um Martini, batido e não mexido (e se apresentar como Bond, James Bond) ou um White Russian (e ser o The Dude)? Não vou negar que quero ser o cara que anda de Aston Martin, mas ainda acho que prefiro ser patético.


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vale quanto pesa?

Não vou negar: sou um cara consumista. Vovô deve dar voltas no caixão a cada compra desnecessária que faço. E elas já foram muitas. Tenho várias coisas encostadas, todas adquiridas na base da impulsão (compulsão é um termo melhor). Alguns objetos que toda pessoa normal tem um, tenho dois, três de cada. Comecei a me sentir uma pessoa abjeta por causa disso. Ônus da modernidade: compre o mundo inteiro, pois a vida é agora.

Estou em uma fase de transição, então passei a abolir tudo aquilo que me incomoda. Minha primeira atitude: só gastar dinheiro com o necessário e investir no que gosto. Livros e DVDs não entram na categoria consumismo, por isso, continuo separando uma parte da grana para eles. Preciso confessar: tenho muito mais shows e filmes do que literatura.

Outro dia, vi que precisava de um gadget. Precisava mesmo! Meu notebook estava totalmente encostado porque eu não tinha o tal equipamento. O preço estava ótimo, então tentei fazer a compra pelo telefone.

Quando o processo começou a ficar muito complicado, larguei mão. Acessei a internet e fiz uma compra totalmente diferente e impulsiva. À vista e sem nenhum tipo de desconto. Assim que a concluí, me arrependi. Normal. Tudo feito impulsivamente nos traz algum tipo de culpa logo em seguida. Só mais tarde percebi que tinha acabado de adquirir um dos meus maiores bens: a tal da paz de espírito. E só tinha gasto R$ 220,00! Nunca imaginei que algo assim pudesse ser comprado. A culpa logo foi substituída pela satisfação. Foi como comer duas barras de chocolate, mas com a química ao inverso.

De todos os itens do meu pedido, apenas um tinha utilidade. O resto, dei ou vendi. Resumo da ópera: cobri os R$ 220,00 e ainda me sobrou um belo troco. Melhor, impossível!

Sejamos sinceros: comprar a própria paz de espírito é algo, no mínimo, insólito. Então, a forma como ela é entregue também deve ser. Sempre que recebo alguma encomenda, o porteiro do meu prédio apenas me chama pelo interfone e diz que chegou alguma coisa pra mim. Desta vez foi diferente. Ele me interfonou e disse: “Cara, um senhor careca e gordinho deixou um negócio aqui pra você, mas não quis dizer o nome.” Óbvio! Ele não precisava se identificar. Era apenas o office boy, o “cara da entrega”.


Meus amigos dizem que sou ranzinza. Estou pensando seriamente em comprar um pouquinho de bom humor. Já até imagino quem o deixará aqui.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Maldição! Eu preciso de um cigarro!

Parei de fumar. Sim, é melhor você acreditar.
Foi a decisão mais inteligente que já tomei.
Me sinto muito mais saudável agora.

OK?
Satisfeito?
Bom!

Maldição! Me dê um cigarro!
Já voltei ao normal...

sábado, 8 de agosto de 2009

Sempre com parcimônia

Quando acordei no chão da sala e cuspi um pedaço do meu pulmão, fiquei feliz. Pelo menos, sabia que estava vivo. Quem toma várias doses de Jack Daniel’s no xote e mais um bocado de Originais de estômago vazio merece passar por isso. Bati nos bolsos da calça. Vi que não estava faltando nada e voltei a dormir, mas pelo menos pulei pro sofá.

Por volta do meio dia, levantei e fui pra cama. No prédio ao lado, algum infeliz tava dando uma festa e contratou um camarada pra tocar música ao vivo. Música sertaneja não! Pelo amor Dele. Como diria De Niro em um filme que não me lembro: “I wish i was dead”.

(Acho que ele disse isso em “Showtime”)

Dadas as circunstâncias, fui obrigado a me levantar de vez. Liguei pra minha amiga e agradeci por ela e o namorado terem me trazido (na verdade, o cara me deixou dentro de casa).

Abri a geladeira pra tomar uma bela Coca-Cola gelada e não tinha. Íamos fazer um almoço aqui em casa, mas minha prima teve que desmarcar. Nada de refrigerante, mas as cervejas já tinham sido compradas. Doze long necks de Heineken estupidamente geladas bem na minha frente. Liguei o som pra ouvir música de verdade e tive que tomar algumas pra rebater. Estou bêbado novamente.

Vou dormir. Amanhã é dia de ver papai...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Em fim, em volta...

Sempre que saiam, o mais gostoso era a volta para casa. De madrugada as ruas ficam vazias e os dois podiam ir embora caminhando. Apesar de todos os problemas, Belo Horizonte ainda é uma cidade segura. Mas isso não os preocupava. Ela sempre fora acostumada a isso. Ele adorava andar com alguém durante a noite, mas não o fazia há muitos anos.

No meio do caminho, sempre faziam uma parada. Assim, podiam se curtir cada vez mais. Porém, em uma noite de quarta-feira, as coisas foram diferentes para ele. Quando perceberam, o relógio marcava mais de três horas da manhã. O bar já estava completamente vazio. Ninguém nas mesas de sinuca. Garçons empilhando as cadeiras. Até mesmo o rock & roll, trilha sonora de suas noites não era mais ouvido. O DJ já tinha desligado o som há tempos.

Apesar disso, os dois não se importaram com a situação. Aquela noite era deles. Era para eles. Em poucos dias, ela estaria partindo. Ia para a Europa estudar. Quando saíram do bar – fechado e abafado - um clima convidativamente frio vinha da rua. Estranho, pois era no meio de setembro, época de noites quentes ou chuvosas.

Quando começa a descer a rua, ela pergunta o que ele está fazendo. “Vou achar um táxi pra gente, oras.” Então, a frase que ele nunca vai se esquecer. “Você acha que vou perder a chance de voltar a pé com você pra casa?” E os dois sobem a avenida rumo à casa dela. São poucos quarteirões, mas, mesmo que fossem quilômetros, ele andaria. A levaria nos braços se fosse preciso.

Quando estão chegando, param no lugar de sempre. Naquela esquina, passam o resto da noite encostados no muro de uma casa antiga – a única testemunha de um caso, rolo, namoro com data para acabar. Logo depois de deixá-la na portaria do prédio, vai embora se sentindo o cara mais feliz do mundo. Mesmo tendo consciência de que em poucos dias não vai mais viver aquilo, não se importa em saber que sentirá saudades do cheiro dela, dos telefonemas para saber se ele chegou bem em casa, das conversas horas a fio e do ciúme que começava a sentir.

A única coisa que o incomoda é saber que a partir de agora, quando voltar caminhando de madrugada para casa, será sem ela.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lady Kate no cinema?

Não. Até onde sei a personagem cômica de Katiuscia Canoro não irá parar nas telonas. Não farão um longa sobre a nova rica que tenta a todo custo entrar na high society. Lady Kate está no cinema por causa de um dos seus bordões. Na verdade, Lady Kate não está, Lady Kate é. O tal do “eu tô pagando” já faz parte do nosso cotidiano, sendo dito e visto nas ações de muita gente. Sexta-feira passada, Inimigos Públicos estreou no Brasil. O filme é dirigido por Michael Mann. O cara é foda! “Fogo Contra Fogo”, “O Informante”, “Collateral” e “Miami Vice” são apenas alguns dos seus trabalhos. Fui conferir o mais recente, que conta a história de John Dillinger e seu bando.

Infelizmente, não estava no meu melhor dia. Tinha saído do dentista e fui obrigado a gastar um dinheiro que não queria, não podia, não tinha. Faz parte. Sessão das 17h50 de uma sexta-feira. Um pouco de lazer é ótimo para começar o fim de semana. Impossível! Meu amigo, se quiser ir ao cinema e não sentir vontade de matar quase todos ao seu redor, vá entre segunda e quarta. De preferência, na sessão das 15h. Sei que fica difícil pra quem trabalha, mas é a única forma de aproveitar plenamente a sétima arte. Em qualquer outro dia ou em qualquer outro horário, vai ter motivos de sobra pra arrumar uma confusão.

Vou resumir as duas horas e pouco que passei na sala de cinema do Cinemark, no Pátio Savassi. Você pode estar pensando: “Ah, mas olha o lugar que você escolheu”. Ledo engano, filho ingrato. Vá ao Belas Artes, Usina, Humberto Mauro, Shopping Cidade, BH Shopping, Diamond Mall e tudo será igual.

Quando entrei, o filme já estava pra começar. A sala estava vazia. Achei ótimo. O problema: me esqueci que a fila da lanchonete estava imensa. Quando as luzes se apagaram, a multidão foi chegando com aqueles sacos de pipoca fedendo a manteiga e baldes de refrigerante. Em menos de cinco minutos, fui do céu ao inferno.

E o filme começa. Aos poucos, a galera vai se calando. Mas, como vovô já dizia, “Sempre tem um filho da puta”. E tinha. E eu não gosto de filhos da puta. Então, fui obrigado a fazer o que sempre faço nessas situações: explicar ao filho da puta que ele não estava sozinho no cinema. Qual a resposta dele? “Peraí cara, eu também paguei ingresso!” Agora você entendeu o motivo de eu ter evocado Lady Kate. O primeiro problema: não é a primeira vez que ouço isso de alguém quando estou no cinema. O outro problema: ele não pagou para incomodar os outros.

Será que as pessoas estão apenas repetindo o bordão de Lady Kate ou será que o “eu tô pagando” dela foi inspirado nessas pessoas? Aposto um dedo da minha mão na segunda alternativa. Na verdade, aposto que toda a personagem é inspirada na nossa nova classe média e nos nossos novos ricos. Essas pessoinhas acham que pagar por algo lhes dá o direito de passar por cima de todos. Os seus direitos estão acima dos direitos de qualquer outra pessoa. Me mordam!

Pra terminar o meu martírio: na fileira logo à minha frente, à esquerda, três mocinhas na faixa dos seus 20 anos. Lá pela metade do filme, uma comenta com as outras: aposto que ele vai morrer no final, se referindo ao bandido (interpretado por Johnny Depp). Quase saí do cinema, porque senão, era ela quem iria morrer. Senti uma vontade incontrolável de esganar aquela pobre criatura.

Nenhum brasileiro é obrigado a saber quem foi John Dillinger, um dos principais inimigos públicos dos EUA. Mas todos nós estudamos a Grande Depressão dos Estados Unidos. Qualquer pessoa nascida no século XX sabe que a década de 1930 foi a Era de Ouro dos roubos a banco no país do Tio Sam. Qualquer um sabe quem foi Al Capone. Sabemos que a lei seca criou os maiores gângsteres de todos os tempos. Quem nunca ouviu falar na “Chicago dos anos 30”? Todos ouvimos falar sobre Bonnie e Clyde. Ou não?

Assim que a sessão acabou, saí do cinema e só conseguia pensar em Lady Kate. Além de retratar a pretensão das pessoas que “estão pagando”, ela mostra uma dura realidade. A nossa classe “pensante”, a nossa “elite cultural” é composta por um bando de ignorantes, burros, imbecis. Analfabetos funcionais por excelência. Apesar de fazer rir, Lady Kate é uma personagem trágica.

Ah, antes que me esqueça! Hoje, numa quarta-feira de muito calor, fui à sessão das 14h50. No mesmo shopping. Na mesma sala. Éramos no máximo 30 pessoas. Quer saber como foi? Faça o mesmo que eu. Ou então, faça o que algumas pessoas estão fazendo: compre uma TV de LCD de 50 polegadas, um home theater de primeira, se tranque em casa e para de ir ao cinema.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Para aumentar as vendas...

...as companhias aéreas da Argentina deviam lançar uma nova campanha publicitária. Assim, estimulariam as viagens dos hermanos durante o fim do ano. Abaixo, uma sugestão de slogan:

"PASSAGEM AÉREA PARA DUBAI: ESTUDIANTES PAGAM MEIA"

Hahahahahahahaha...
Fui!!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Hoje é dia de agradecimentos

Matheus Diniz thanks: Robert Plant, Jimmy Page, Eric Clapton, Tom Waits, Patti Smith, Mick Jones, Steve Winwood, Ginger Baker, Jack Bruce, Mick Jagger, Keith Richards, Keith Moon, Pete Townsend, Rory Gallagher, Mark Sandman, Dan Auerbach, Patrick Carney, Dave Matthews, Boyd Tinsley, LeRoy Moore, Johnny Rotten, Junior Kimbrough, Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Chuck Berry, Nick Cave, Alvin Lee, Rob Tyner, Wayne Kramer, Buddy Guy, Howlin' Wolf, Elvis Presley, Angus Young, Bon Scott, Jim Morrison, John Bonhan, Bob Dylan, Eddie Vedder, Janis Joplin, Brian Jones, Ian Curtis, Muddy Waters, Neil Young, Taj Mahal, Jimi Hendrix, Steve Ray Vaughan, Chris Robinson, Mark Lanegan, John Lee Hooker, Kurt Cobain, Chris Cornell, Ozzy Osbourne, Tommy Iommi, James Hetfield, John Lennon, Paul McCartney, Lighting Hopkins, Bryan Ferry, Charlie Feathers, Layne Staley, Jerry Cantrell, Caleb Followill, Beck, David Gilmour, Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason, David Coverdale, David Bowie, Marc Bolan, Robert Johnson, Mark Knopfler, Ian Anderson, Freddie Mercury, Brian May, John Densmore, Axl Rose e a todos que fazem do dia 13 de julho a data mais importante do nosso calendário. Aos que me esqueci, mil desculpas.

"Hey Hey, My My, rock and roll can never die..."

domingo, 12 de julho de 2009

Quando a emoção supera a discussão

Algumas coisas nunca mudam. A briga de egos na F-1 continua. Quando tudo parecia estar resolvido, o louco senhor Max Mosley volta a fazer as dele. Os representantes da FOTA, idem. E continuamos sem saber qual o rumo da categoria para 2010. Por sorte, uma novidade na corrida deste domingo. O GP da Alemanha (que marca a metade da temporada), realizado no circuito de Nurburgring, mostrou que qualquer esporte é feito de emoção. Um ótimo advogado não pode presidir a FIA, não pode interferir no regulamento. Ele não faz idéia das necessidades dos pilotos.

Muitos dizem que a F-1 é um esporte menor. Mas não é. É um esporte de engenharia e alta tecnologia. Sem um bom carro, um piloto não vence. Sem um bom piloto, um carro de ponta não chega a lugar algum. E na hora da vitória, vemos o que é comum em todos os esportes: superação e emoção.

A mistura de êxtase e o choro de Mark Webber mostraram isso. Depois de mais de 130 corridas disputadas, o australiano esteve no lugar mais alto do pódio. Para ele, ouvir o hino do seu país em terra estrangeira deve ter sido o maior momento da carreira. Pra mim, a comunicação entre Webber e a RBR (vídeo abaixo) via rádio ao fim da prova fez a temporada mais louca dos últimos anos valer minha paixão por esse esporte.

Pra não perder o costume, e voltando ao “algumas coisas nunca mudam”: ver o Rubinho demonstrar não ser um piloto pronto para ser campeão (ele é o típico “born to lose”) completou meu domingo. O cara culpa a equipe e não admite sua falta de capacidade para ganhar. Brawn GP, abra seu olho! Mark Webber e Sebastian Vettel estão vindo com tudo e vocês só podem contar com Jenson Button. O outro, é um menino mimado que nunca está satisfeito com nada.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sem palavras

Assim como a música. Instrumental, melancólica...
Só vou dizer o seguinte: assistam ao filme "A Sombra De Um Homem" e, por favor, baixem ou comprem a trilha sonora. Uma das melhores no estilo noir que ouvi nos últimos tempos.


Listen and cry...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quem ouve o que quer...

Uma das piores frases que alguém pode dizer: “Ah, eu ouço de tudo.” O escambau! Quem ouve tudo não ouve nada. Ser uma pessoa eclética tudo bem, agora, o tal do ouvir tudo, ou ouvir de tudo? Isso me tira do sério, mas hoje percebi que a língua é o chicote do corpo.

Meu iPod está praticamente cheio. Só posso usar mais 4GB (caso tire os vídeos, fotos e as capas dos álbuns, a capacidade sobe pra pouco mais de 7GB). Tenho 22.675 músicas no brinquedinho desenvolvido por Steve Jobs.
Venhamos e convenhamos: ele é minha discoteca. É impossível ouvir esse tanto de música sem fazer algum tipo de seleção. Por isso, crio minhas playlists. Tenho várias. Estão divididas por décadas, estilos, duração, artistas semelhantes, etc.. Ah, também têm aquelas criadas pelo Genius (uma besteirinha do iTunes).

Outro dia, montei uma que me espantou! Sou realmente eclético? Um barango? Ou um sem noção? Olha isso:

1: Flick Of The Switch – AC/DC
2: Colors – Amos Lee & Norah Jones
3: Take My Breath Away (Ela mesma. Trilha Sonora de Top Gun) – Berlin
4: God’s Got It (ao vivo) – The Black Crowes
5: Don’t Stop The Dance – Bryan Ferry
6: Slave To Love (Sim! Trilha de 9¹/² Semanas de Amor) – Bryan Ferry
7:
I Believe In You – Cat Power
8: Theme From New York, New York – Cat Power
9: Woman Left Lonely – Cat Power
10: Walking After Midnight – Cowboy Junkies
11: Walking After Midnight (ao vivo) – Cowboy Junkies
12: Outside Woman Blues – The Cream
13: Squirm – Dave Matthews Band
14: Babylon II – David Gray
15: Carmensita – Devendra Banhart
16: Rosa – Devendra Banhart
17: Seahorse – Devendra Banhart
18: Hurdy Gurdy Man – Donovan
19: Second Nature – Eric Clapton
20: Forever Man (ao vivo) – Eric Clapton & Steve Winwood
21: A Woman Left Lonely – Janis Joplin
22: Equinox – John Coltrane
23: Lord, Have Mercy On Me – Junior Kimbrough & The Soul Blues Boys
24:
You Really Got Me – The Kinks
25: Trouble – Lindsay Buckingham
26: Bartender – London Contemporary String Ensemble
27: Everyday – London Contemporary String Ensemble
28: Say Goodbye – London Contemporary String Ensemble
29: Tu Vuo' Fa l'Americano (Trilha de O Talentoso Ripley) – Matt Damon, Jude Law, Fiorello & The Guy Barker International Quintet
30: Suzanne – Perla Batalla, Nick Cave & Julie Christensen
31: Any Man – Rocco DeLuca & The Burden
32: Save Yourself – Rocco DeLuca & The Burden
33: Magnificent – U2
34: Fool For Your Loving (ao vivo) – Whitesnake
35: If You Want Me – Whitesnake


Não vou entrar no mérito da qualidade das músicas. Se eu gosto, ponto! Mas é muito estranho! Entre uma música e outra, parecia que eu tinha acabado de ver um filme com o Chuck Norris e ia assistir a um do Godard. Ou então, sair de "Missão Impossível II" e entrar em "Festa de Família" (aquele, do movimento dinamarquês Dogma). Cacete! Jazz, hard rock, indie, glam rock, blues, pop e brega tudo de uma só vez? Como diria um grande professor: uma geléia musical. Um viva às playlists!

PS: Walking After Midnight ficou muito famosa na voz de Patsy Cline. Eu, particularmente, não gosto, mas aconselho que procurem as versões do Cowboy Junkies. Elas estão nos álbuns “The Trinity Session” e “Trinity Revisited” – este último, lançado no começo do ano. Uma boa compra, pois é um pack CD+DVD e o preço é honesto. Quem preferir, também pode procurar a versão da Madeleine Peyroux, no álbum “Dreamland”. Na minha opinião, o melhor disco da canadense que todos gostam de chamar de nova Billie Holiday. Coisa de crítico sem imaginação.

Music is Power...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Seja feita a nossa vontade

Depois de algumas doses, os dois vão embora pra casa. O papo foi ótimo. Como sempre. No carro, o que sempre esteve implícito vem à tona. Eles são amigos, mas se quiserem podem jogar a culpa no álcool. Quando o inevitável está para acontecer...

Ela: A gente devia parar.
Ele: Parar com o quê?
Ela: Com isso!
Ele: Por quê?
Ela: Somos amigos. Eu não vou conseguir. Vou começar a rir.
Ele: Mas você prefere chorando?
Ela: Claro que não!
Ele: Então...
Ela: Mas aqui? É muito desconfortável.
Ele: Como você sabe?
Ela: Dããããã...
Ele: Tem que ser em uma cama king size?
Ela: Para de brincadeira!?
Ele: Eu não estou brincando.

Primeiro, o silêncio constrangedor. Depois, o carinho inebriante. E eles fazem. Rindo? Também...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Seriados e Hidrocodona

Rotina. Quem diz conseguir levar a vida sem isso, está mentindo. Eu? Claro que tenho minhas rotinas, meus hábitos. Alguns, tento evitar. Outros, faço questão de cultivar. Sou fã de alguns (vários) seriados da TV a cabo, mas, para não me tornar escravo dos horários, procuro acompanhar apenas alguns. (Senão, como seria minha vida social?) Então, o que faço? Espero a temporada acabar e compro o box com todos os episódios. São poucos. Só sigo “Bones”, “Dexter” (esse, tive que baixar a 2ª e 3ª temporadas, pois não lançaram no Brasil) e acompanhava “Deadwood”. Infelizmente, a HBO não renovou o contrato e o seriado “acabou” sem um fim. O único dia que tiro pra assistir minhas séries é quinta-feira. Às 22h, assisto “Rescue Me” (este também não tem pra vender no Brasil, por isso vejo pela TV) e às 23h, minha favorita: “House M.D.”

Amanhã, deve chegar minha grande aquisição. A coleção completa de “Família Soprano”. Minhas noites de julho já estão garantidas! Pois é, mas hoje é quinta-feira e só pude assistir “Rescue Me”, já que a 5ª temporada do médico mais louco da TV acabou. Mas valeu a pena! A cena final teve Sheila, seminua, fazendo um strip ao som de I’ll Be Your Man, do The Black Keys. O que vou fazer agora? Pegar um livro, é claro. Estou pensando em reler “Os Versos Satânicos” do Salman Rushdie.

No mais, só posso aguardar o começo da sexta temporada. Vou ficar na espera dos comentários ácidos e sarcásticos de House (um médico viciado em Vicodin), mas não posso deixar de registrar a melhor frase dita por ele no começo da 5ª temporada: "Uma garota farrista é divertida até vomitar nos seus sapatos. Então ela passa a ser irritante.” Sem comentários! E pra terminar, a frase célebre do cara: “Everybody Lies”.

Stay healthy and alive

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pólvora branca ou preta?

Ontem à noite, passou Traffic na TV a cabo. Assisti novamente. Já vi o filme uma penca de vezes, mas não me canso dele. Cheio de atores bons, uma temática interessante e fotografia sensacional (a trilha sonora também é nota 10!). Aquele lance de colocar os tons mais amarelos, mais quentes quando as locações são no México, e um tom azulado, bem frio quando se passa nos Estados Unidos foi muito legal. Apesar de o filme tratar o tráfico sobre vários pontos de vista, a única verdade absoluta: nenhum governo conseguirá vencer essa guerra. No mundo real, os bandidos já venceram há tempos.

Domingos atrás, o Fantástico exibiu um vídeo mostrando graves acusações feitas pelo mega-ultra-blaster-traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia. Na gravação, o cara dizia que policiais brasileiros o extorquiram em quase R$ 2 milhões. Quando foi preso em 07 de agosto de 2007, era um dos criminosos mais procurados do mundo e nos mostrou o poder do crime organizado. Com o dinheiro da venda de drogas, Abadia construiu um império. Tanto na Colômbia, quanto no Brasil.

A recompensa que os Estados Unidos ofereciam pelo traficante era a “irrisória” quantia de cinco milhões de dólares. Uma cifra dessas nos mostra a importância de se capturar uma pessoa acusada de mais de 300 assassinatos na Colômbia, envio de mais de 1000 toneladas de cocaína para os Estados Unidos e que, no Brasil, montou revendedoras de carros, empresas e comprou (apesar de agora dizer ter sido extorquido) inúmeros policiais.

É importante mostrar a corrupção da polícia, mas, na verdade, o problema vai muito mais além e nunca é abordado nos jornais: de que forma uma pessoa consegue montar um império deste tamanho e ser acusada de tantos crimes? Não é porque as pessoas se drogam. O seu uso é uma simples forma de alterar o estado de consciência. Sempre existiu e nunca vai deixar de existir. O ser humano precisa de uma válvula de escape para sair da rotina em que vive. Alguns farão isso praticando ioga, outros, cursos de arte. Alguns ouvirão música ou procurarão uma religião, mas nenhuma maneira é mais fácil e rápida do que usar cocaína, maconha, álcool, etc.

A reposta para o império de um traficante está totalmente ligada ao seu “poder de fogo”. Com arco e flecha ou pedras, nunca existiriam Abadias ou Fernandinhos Beira Mar. Com revólveres e pistolas, nenhum bandido em sã consciência peitaria a polícia ou governos. Ou seja, continuaremos a ver o crime organizado como conhecemos enquanto existir o tráfico de armas. Este tipo de venda ilegal é o que mais dá dinheiro no mundo – em segundo lugar, vem justamente o tráfico de drogas.

Outra questão nunca levantada na grande mídia: quais são os fabricantes dessas armas que alimentam os grandes traficantes? Justamente os países que mais tentam interferir no caos que se tornou o tráfico internacional de drogas – Estados Unidos e países da Europa. O muro de Berlim já caiu, a União Soviética não existe mais, todos os territórios do mundo já foram delimitados.

Então, por que a Smith & Swesson, Colt, Sig Sauer e outras fábricas de armamento continuam a produzir fuzis de assalto ou antiaéreos, metralhadoras e vários outros tipos de armas que deveriam ser de uso exclusivo do exército?

A resposta é simples: o poder destas fábricas está acima do poder de qualquer governo. Prova está no filme “O Senhor das Armas”, estrelado por Nicholas Cage (apesar de o cara ser canastrão, fez vários dos meus filmes prediletos). Ele interpreta o papel de um vendedor de armas, que na verdade, é um funcionário “fantasma” do governo dos Estados Unidos. Ele arma quase todos os países da África, ajudando a perpetuar as guerras civis e genocídios cometidos por lá.

Por isso, devemos começar a questionar a intromissão de Estados Unidos e países da Europa aqui na América do Sul. Eles estão muito “preocupados” com a situação na Colômbia, Bolívia ou Brasil. Nós é que devemos subir para lá e começar a questionar algumas coisas. Vamos perguntar à Colt quantas armas ela produz por ano. Vamos ver quanto essas fábricas doam para os partidos políticos dos Estados Unidos. Vamos tentar interferir por lá e impedir que essas armas cheguem nas mãos dos traficantes brasileiros, colombianos ou bolivianos. Vamos deixar todo o poder do crime organizado ser arco, flecha e pedras. E vamos continuar a nos drogar.

Só café. Nada de cigarros...

Hoje, assisti “Sobre Cafés e Cigarros” pela segunda vez. Em casa, as coisas são diferentes: passei um belo café do cerrado na minha Bialetti e fumei todos os Marlboros vermelhos que quis durante o filme. Não vou negar: prestei muito mais atenção hoje. Na primeira vez, assisti no cinema, e, como sou altamente viciado em cafeína e nicotina, no segundo curta do filme, a fissura já tinha me dominado. Me senti o próprio Ewan McGregor se desintoxicando em “Trainspotting”.

Cara, que filme! "Trainspotting" é ótimo, mas estou falando do primeiro. Ele começa bem porque é dirigido pelo Jim Jarmusch. As participações de Tom Waits e Iggy Pop (foto abaixo), Steve Buscemi; Bill Murray; Steve Coogan e os irmãos “White Stripes”, (Jack e Meg White) em conversas inusitadas, nonsense (enquanto tomam café e fumam seus cigarros) são o toque final, a cereja no bolo do longa que começou a ser filmado nos anos 80 e foi lançado completo em 2003.

Mas não estou aqui pra fazer crítica de filme. Quero criticar outra coisa. Na verdade, quero criticar quem tanto me (nos?) persegue. Os não fumantes xiitas. Hoje à tarde, fui ao médico. Descobri que estou com uma leve faringite. Coisa de fumante. Enquanto esperava o ônibus, um senhor de idade estava fumando. Em pé. Na rua. Sentada, no ponto, uma senhora começou a se sentir incomodada com a fumaça. Até aí, tudo normal! O grande problema é que, em vez de apenas se levantar e ir para longe do tiozinho, antes, ela fez uma cena de cinema reclamando da bendita fumaça. Adorei a reação do senhor de idade. Na verdade, adorei a sua total falta de ação. Não falou nada com a mulher. Sequer olhou para ela. Mas é claro! O cara estava no meio da rua! Será que a partir de agora não poderemos mais exercer o direito de ter um prazer (ou satisfazer um vício) nem no meio da rua?

O caso dessa mulher é absurdo. Coisas parecidas já aconteceram comigo e, com certeza, com vários fumantes. Certa vez, estava em um café daqui de Belo Horizonte, quando uma madame me cutucou. Ela já começou mal, pois não admito o dedinho indicador no meu braço seguido do “por favor”. Virei-me e perguntei o que ela queria. E o que era? Ela me pediu pra parar de fumar, pois eu a estava incomodando. Como vovó já dizia: “Os incomodados se retirem”. Só pude dizer isso a ela. Porra! Nove e meia da manhã em uma cafeteria (na época, lá não existia áreas para fumantes e não fumantes) e uma merda de perua vem me mandar apagar o cigarro?! Vá pra puta que pariu com açúcar em cima!

Pouco tempo depois, essa bendita cafeteria criou áreas para fumantes e não fumantes. O problema: a parte interna era praticamente destinada aos não adeptos do pirulito cancerígeno. Adorei quando ela fechou. Pena que deu espaço a mais uma loja de celulares. A Praça da Savassi deveria mudar de nome. “Praça das Operadoras”. Ou então para "Praca Oi! Seu TIM está Vivo? Claro!" Essa foi péssima!

Vou fazer uma comparação ridícula e infeliz, pois a situação pede isso. Qualquer pessoa pode entrar em uma cafeteria, em uma tabacaria. Da mesma forma, todos podem ir a uma boate gay (GLBT, GLS, sei lá). Ninguém pode impedir. Agora, o lance é simples. Ambiente. Uma cafeteria ou uma tabacaria são ambientes feitos para nós (fumantes). Ali, passamos horas curtindo nossos prazeres (fumar, tomar café, ler) e não queremos ser incomodados. Se você não gosta, o problema é seu, mas não me peça para apagar o meu cigarro. Se eu estiver em uma boate gay e um cara passar a mão na minha bunda, eu não vou partir pra cima dele dando porrada. Ali é o lugar dele. Ele pode passar a mão na minha bunda. Só vai caber a mim, dizer que não é a minha praia. Ponto.

Voltando aos cafés e cigarros. Cheguei ao consultório bem mais cedo do que esperava, então, fui para o Kahlua Café. Adoro aquele lugar! Adoro conhecer os garçons, alguns freqüentadores, o dono do café. Adoro saber que lá só tem área para fumantes. Adoro me sentar sozinho ou com um amigo e passar horas pitando, tomando um café ou uma água e jogando conversa fora. Quem não gostar, vá para outro lugar. Mas isso me fez lembrar que, daqui a pouco, a situação vai ser diferente. Essa lei proibindo o fumo em ambientes fechados vem me dando medo. Já existe em vários países (até na França), já tá pra entrar em vigor em São Paulo e, pelo jeito, não demora a chegar aqui. Mas essa lei fica pra próxima, pois, além de estar ouvindo Cat Power, o remédio que a médica me receitou pra faringite parece ser forte. Mesmo tendo tomado uma bela xícara de café, o sono tá me matando.

Au revoir...

sábado, 27 de junho de 2009

Hangover

Hoje a ressaca tá me matando. O frio tá ideal pra sair e tomar um vinho, um Jack Daniel's ou uma vodka. O problema é que hoje não quero rebater. Amanhã é aniversário de um grande amigo, então é melhor ir pra debaixo das cobertas e assistir "O Grande Lebowski" pela enésima vez. Falando em noite fria, aí embaixo tão as impressões que tive quando passei a noite com um travesti.
Paz...

Dois bêbados numa noite fria

A primeira vez que vi Anderson Fonseca foi em setembro de 2004, logo que me mudei para o Funcionários. Durante todo esse tempo, nunca tive vontade ou oportunidade de conversar com o cara que fica na praça em frente ao meu prédio quase todas as noites. A única coisa que sei sobre ele é que a maioria dos meus vizinhos e os moradores do prédio ao lado tentam tirá-lo dessa praça há anos. Essas pessoas não gostam da presença de Anderson. Ele é um dos travestis que ficam na esquina da minha rua com a Avenida Afonso Pena fazendo programa. Enfim, em uma noite, voltando para casa, resolvi conversar com Anderson:

- E aí, posso bater um papo com você?
- Claro, gato. O que você quer fazer?
- Nada de especial, vamos conversar.
- São 30 reais - no carro, ou no motel.
- Não, eu não quero transar com você.
- Uai! Então, o que vamos fazer?
- Já te disse. Vamos conversar. Quero saber um pouco da sua vida.

“Ihhh, gente! O gatinho aqui quer conversar comigo. Quer saber da minha vida! O que vocês acham?”, perguntou Anderson a seus colegas (ainda não me acostumei com qual artigo definir o pessoal. Seus colegas ou suas colegas?). Acho que dei sorte. Como era fim de noite e estava muito frio, a Afonso Pena estava vazia e parecia que eles não teriam muitos clientes naquela noite. As meninas (?) disseram para Anderson conversar comigo. Disse a ele que poderíamos ir ao bar do Bigode, que eu pagava uma cerveja pra ele enquanto conversávamos (esse bar fica em frente à minha casa, do outro lado da Afonso Pena).

Ele topou e fomos tomar umas e “bater o papo” que sugeri a ele. Toninho, o Bigode, me encarou e começou a rir (na primeira oportunidade, perguntou: “Uai, trocou de namorada?”). Não dei bola e continuei no bar tomando uma cerveja e conversando com Anderson.

Acho que já é hora de apresentar Anderson a vocês : nascido em 1975 em Claro dos Poções (Norte de Minas), me disse que desde a infância sabia que era uma menina. Não me lembro se essa foi a primeira coisa que me disse, mas achei interessante. Uma das coisas que me lembro e foi o meu primeiro fora:

- Faz muito tempo que você é travesti? (Como se isso fosse uma profissão)
- Eu não sou travesti, gatinho. Eu não sou um homem que se veste de mulher. Sou uma mulher no corpo de um homem.
- Então você é transexual.
- Claro! Mas não sou operada. Ainda tenho o meu pau.

A partir daí, a coisa complicou – como eu não tinha a menor intimidade com um transexual (ou travesti, seja lá o que for), fiquei sem assunto. Resolvi então, perguntar sobre sua infância. Anderson me disse que com uns sete, oito anos já tinha dado pra quase todos os meninos da cidade. Quando não quis transar com um primo (que segundo ele era a paixão da sua vida) foi dedurado para a família. “Apanhei demais do meu pai e dos meus irmãos mais velhos. Meu pai não podia admitir que eu saísse dando pra toda cidade. Não me lembro da minha mãe pedir para ele parar, mas ela sempre foi boa comigo”.

Depois dessa surra, Anderson me disse que a única coisa que pensava era em sair de Claro dos Poções. Seu sonho era ir para o Rio de Janeiro, mas, como tinha um primo que morava em Belo Horizonte, veio para cá aos 14 anos. “Quando me mudei pra cá, minha vida mudou totalmente. Meu primo me recebeu muito bem, mas acho que já sabia que todo mundo de Claro me comia, porque me comeu os quatro anos que morei com ele”.

Aos 19 anos, Anderson arranjou um namorado e foi morar com ele. Me disse que quando seu primo ficou sabendo, bateu tanto nele, que teve que parar no hospital. Me mostrou uma cicatriz enorme no braço. “Tá vendo? Foi meu primo que fez isso”.

O namorado de Anderson era 20 anos mais velho que ele o tratava muito bem. Sempre levava presentes para ele, mas nunca o apresentou para a família. “Ele era mecânico de uma empresa de ônibus e tinha vários irmãos. Dizia que se me apresentasse pra sua família, nunca mais poderia vê-los”. Fiquei sabendo que foi com Rafael, seu namorado, que Anderson começou a se vestir de mulher. “Sempre fui uma mulher, mas não me vestia de menina, achava ridículo. O Rafael sempre levava calcinha, sutiã, saia, batom – essas coisas – pra mim. Sempre que a gente fodia, pedia pra eu vestir e como eu era apaixonada por ele, usava”.

Depois de cinco anos de namoro, um vizinho de Rafael contou para seus pais que ele namorava um “viado”. “Apanhei de uns cinco. Dos pais e dos irmãos dele. Mas eles também apanharam. Eu sou magra assim, mas sou forte, gato”. Depois da surra, Rafael expulsou Anderson de casa.

“Foi aí que eu tive que começar a trabalhar, gatinho. Até meus 24 anos, tive vida de rainha. Estou na vida faz oito anos. Comecei lá na Pedro II, mas lá só tem bicha pobre. Aqui na Afonso Pena, as bichas são ricas e me tratam bem. Quando alguma tenta me sacanear, eu fodo com ele. Roubo celular, carteira e o que mais puder. Eles não vão fazer nada, não vão deixar que os filhos e a mulher descubram”.

Ainda não tinha dito a vocês, mas o “nome de guerra” de Anderson é Karina. Ela já faz programa há mais de oito anos e é viciada em cocaína. Conversamos até quase quatro horas da manhã, mas não prestei muita atenção na história dela. Achei as histórias de Anderson mais interessantes. Me ofereceu um boquete de graça, mas preferi pagar mais duas “saideiras”.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Nunca...Na Terra do Nunca

Notícia de destaque em todos os jornais e em todos os portais mundiais: "Michael Jackson morre aos 50 anos".
Beleza..
Um cara igual a ele não morre, dá defeito. Aposto que vão fazer um recall dele daqui alguns dias, meses, anos.
Mas, caso ele tenha mesmo morrido, e, caso exista mesmo um céu, vale a letra da música que estou ouvindo neste momento: "Se eu fiz algum mal a alguém que Deus tenha pidedade de mim..." Quem sabe isso o ajude ou o tenha ajudado em um momento de contrição.
Estou ouvindo a versão do The Black Keys, mas a versão original é de Junior Kimbrough.
Procurem e baixem!!!
Paz...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

E a fogueira se apagou

Ufa!! Pra quem é fã de F-1, uma boa notícia: o Triângulo das Bermudas entre Max Mosley (presidente da FIA), Bernie Ecclestone (presidente da FOM) e FOTA, (Organização das Equipes de Fórmula 1) chegou ao fim nesta quarta-feira. Apesar de ter divulgado até calendário para uma competição paralela, a FOTA chegou a um acordo com a FIA. Apesar de a situação ter me deixado apreensivo (eu não assistiria mais às corridas), era evidente que todo o qüiproquó era apenas uma guerra, uma fogueira de vaidades. E o pacto entre as pessoas mais vaidosas do mundo aconteceu. A única coisa que eu gostaria de ver era o senhor Max Mosley fora da FIA (pelo jeito, isso vai acontecer).

Vou remexer no passado, mesmo sabendo que quem vive dele é museu.Onde um cara adepto a “orgias nazistas” pode presidir o maior órgão do automobilismo mundial? Legal o cara querer uma F-1 de engenharia e não de gastos, mas, impor isso? Não!! O cara é muito louco!! Resumindo: mesmo que todos estivessem jogando lenha na fogueira, o fogo acabou. Saem ganhando equipes, montadoras, pilotos, a FOTA e os fãs. Ou seja, todos. É isso! No mais, vou continuar esperando que este seja o último ano de Rubinho na F-1. Mas também vou torcer por ele. Para ele ser vice, é claro!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Burning Down The House


No dia 02 de junho, a Dave Matthews Band lançou seu primeiro álbum de músicas inéditas desde 2005, quando "Stand Up" chegou às lojas. "Big Whiskey And The GrooGrux King" é o primeiro disco dos caras sem o saxofonista LeRoi Moore, falecido em 2008. Enquanto meu CD não chega, prefiro não fazer nenhum tipo de crítica, apesar de já ter ouvido alguma coisa e poder dizer que ficou um trabalho interessante. Diferente, mas interessante. O que não posso deixar de registrar aqui são as minhas impressões sobre o show antológico da DMB em setembro de 2008, no Rio de Janeiro.

Pondo a casa abaixo

O show foi algo de outro mundo? Clichê bobo, melhor usá-lo mais adiante. O público foi à loucura? Óbvio! Há mais de sete anos que os caras não vêm ao Brasil. Então, por onde começar? Pelo começo, porra! Na entrada do Vivo Rio, está evidente: quem vai ver a Dave Matthews Band em uma noite de terça-feira é fã alucinado dos caras. A casa de shows? Boa. Deve ter capacidade para umas cinco mil pessoas e a divisão dos setores proporciona ingressos para todos os bolsos. Não pode fumar no lugar? Um mero detalhe, pois, quando a muvuca se forma, não há segurança para mandar apagar (nenhum dos tipos de cigarro). A cerveja vagabunda a R$ 5,00, a dose de vodka custando meros R$ 12,00 e o energético pelo mesmo valor do elixir russo dão um certo desespero, mas lá eles aceitam dinheiro de plástico. Isso não tem preço porque a vida é agora.

Enquanto a banda não entra, quando um roadie passa para ver se está tudo em ordem, a galera ansiosa começa a gritar. O palco está montado sem exageros, já que a atenção estará toda voltada para Dave Matthews, Boyd Tinsley, Carter Beauford, Stefan Lessard e Jeff Coffin (saxofonista que está substituindo o recém falecido LeRoi Moore). Apenas uma coisa é estranha lá em cima. No canto esquerdo, um belo e imponente amplificador Marshall. Mas por que ele está lá? Às 21h31, com um minuto de atraso, descobrimos. Quem está lá pode se preparar para uma noite única: Tim Reynolds, grande parceiro de Dave Matthews entra no palco junto com a banda, segurando uma Stratocaster laranja e branca. Eles não conseguem se apresentar direito, pois todos gritam como gruppies alucinadas. E vem o primeiro acorde, nos introduzindo a “Bartender”. São mais de 4500 pessoas cantando em coro uníssono. Nesse momento, a banda percebe que a noite também será especial para eles. Dave Matthews já mostra que tinha tomado umas e estava no clima. Segundo ele
“...a couple of caipirinhas. And another couple. And another couple”.
Logo depois vem “Warehouse”. Os improvisos dele com a banda e as brincadeiras com o público começam. E é assim durante as quase três horas e meia de show. Antes de cantar “Stay Or Leave”, música de seu álbum solo “Some Devil”, Dave começa a falar sobre a perda de um grande amigo. Como todos estão em plena sintonia, sacam que se trata do saxofonista LeRoi Moore, fundador da banda falecido há quase dois meses. Só se ouve “LeRoi, LeRoi, LeRoi”. Os balões brancos que seriam jogados na hora do bis para prestar uma homenagem, de repente começam a surgir e, segundo uma amiga, levam os caras às lágrimas. Mas isso não é nada perto do que Dave faz: para nós brasileiros, ver o músico sul-africano levantar a nossa bandeira em um momento de pura catarse é algo inexplicável. Não sei se eles choraram com a homenagem, mas muitos de nós sim!

O momento mais empolgante do show é quando Carter faz a introdução de “Say Goodbye”, uma das canções mais bonitas da DMB. Muitos demoram a perceber de qual música se trata. São mais de cinco minutos de solo, antes de “So here we are tonight / You and me together / The storm outside, the fire is bright / And in your eyes I see / What's on my mind / You've got me wild / Turned around inside…” A participação de Carlos Malta na flauta dá um toque a mais para um hino a amigos que podem ser amantes por uma noite.

Logo após “Say Goodbye”, Dave, mais empolgado que de costume, faz uma de suas danças excêntricas enquanto a banda toca “Cornbread”. Na hora de “Crush”, todos os músicos mostram que estão ali fazendo o que gostam. Tim Reynolds faz um solo de guitarra alucinante. Boyd Tinsley toca de forma visceral seu violino. Carter Beauford, sempre sorrindo, espanca a bateria. Jeff Coffin tem a tarefa mais difícil de todas: mostrar que pode substituir LeRoi – pelo menos musicalmente – e consegue.

A setlist do show conta com 20 músicas. A maioria, dos discos mais antigos dos caras. Isso realmente mostra que os álbuns “Everyday”, “Busted Stuff” e “Stand Up” não foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público, mas todos pedem para tocar “Everyday”, vão à loucura com “Bartender” e cantam do começo ao fim “You Might Die Trying” (esta última, presente em “Stand Up”).

A DMB não toca “Lie In Our Graves”, “Everyday” e “Long Black Veil”, mas isso não é problema. A apresentação perderia a graça, já que superaria qualquer expectativa. (Eu também colocaria “Minarets” na setlist). O único porém fica por conta do público, um dos protagonistas do show. Assim que volta para o bis, Dave Matthews, alucinado, toca “Burning Down The House”, do Talking Heads. Nessa música, ele simplesmente expressa o que aconteceu na noite de 30 de setembro de 2008: a casa foi abaixo, mas o pessoal parece não ter entendido o recado. Não se empolga nem demonstra muito interesse pela música. Dessa vez ele toca praticamente sozinho. Uma pena.

Para encerrar a noite, nada melhor do que “Two Step”. Como já diz a música, “...let’s celebrate...”. E todos celebramos, comemoramos, estamos emocionados. Vamos à loucura. Tim Reynolds ajuda. Faz um solo de mais de seis minutos, usando uma Gibson semi-acústica. Meia noite e cinqüenta e dois minutos: os músicos se despedem após uma apresentação que vai ficar na memória da banda e no coração de mais de 4000 pessoas que pagaram entre R$ 120,00 e R$ 450,00. Um preço baixo por uma noite de êxtase. Algum clichê tinha que ser usado.



Abaixo, a dancinha do cara, enquanto toca "Cornbread"


Sobre relógios e chinelos


Quando roubaram o Rolex de Luciano Huck no final de 2007, a Folha de São Paulo cedeu um espaço ao apresentador na editoria de Opinião do jornal para ele desabafar. O cara foi muito infeliz no texto, tanto que a polêmica foi enorme. Ferréz, um grande escritor (literatura marginal é com ele mesmo) também teve espaço para escrever na Folha, justamente sobre o tal relógio. E a celeuma continuava. A Rede Globo chegou a fazer uma matéria mostrando como funciona o esquema de roubo de relógios de luxo (ela tinha que fazer isso, já que seu funcionário foi assaltado). Zeca Baleiro mandou uma carta para a Folha “descendo a lenha em Huck” e foi muito criticado por isso. Enfim, o cantor também teve seu espaço no jornal. Eu realmente não entendi como o roubo de um relógio cujo valor pode alimentar uma família por mais de um ano ganhou proporções tão grandes.

Na minha época de colégio (quando tinha uns seis, sete anos), me lembro que quando alguém nos perguntava as horas, dizíamos: “Relógio de pobre é na igreja”. Como boas crianças, não tínhamos noção do que estávamos dizendo, mas, para mim, essa frase tem outro sentido nos dias de hoje. Se você quer saber as horas, tem um milhão de possibilidades: o relógio do computador; do celular; dos termômetros espalhados pela cidade; perguntar as horas para alguém, ou então, realmente olhar as horas em alguma igreja (estamos em um país de colonização católica, então, relógio é o que não vai faltar).

No final do século XIX, realmente devia ser mais difícil saber as horas, até porque, a única maneira realmente seria ter um relógio de bolso ou o das igrejas (será que a frase que dizíamos quando crianças veio dessa época?). Depois que Santos Dumont inventou o relógio de pulso, as coisas começaram a ficar mais fáceis. Depois do relógio digital, nem se fala – o preço ficou muito menor e todos já podem colocar uma “pulseira que marca horas” no braço esquerdo ou direito (confesso que sinto um pouco de aflição de pessoas que usam relógio no braço direito).

Vamos pensar em algumas coisas: 1) função: o relógio serve pra marcar horas e ponto final; 2) o relógio que custa oitenta reais (comprado em loja, com nota fiscal) marca horas da mesma forma que um relógio de vinte mil pratas (sim!! R$ 20.000,00!!! Este, geralmente comprado no exterior. Quando é roubado, já era, não tem como você reclamar, justamente por falta da nota fiscal).

Antes que me chamem de comunista de museu, só tenho uma coisa para dizer: Nos dias de hoje, a única função de um Rolex é criar um sectarismo. Se todos pudessem ter um, ele não precisaria “existir” e todos usariam o relógio de oitenta reais e não seriam roubados (esqueci de dizer: quem usa relógio, seja no braço direito ou no esquerdo, com o visor virado para baixo, me dá medo!).

Você pode até estar se perguntando: “Mas aonde ele quer chegar com essa porcaria?”. Agora vai ficar sabendo. Vou para a praia, depois de sete anos sem ver o mar (sou mineiro). Como já faz muito tempo que não tenho contato com o mormaço, com a areia dentro da sunga e outras coisas típicas do litoral, saí para comprar algumas coisas. Duas bermudas de surfwear, protetor solar fator 60 (para aproveitar os dez dias de sol), um chinelo bem confortável e algumas coisas supérfluas (viu como não sou um comunista de museu?!).

Pois bem. Achei um chinelo do jeito que queria e por um preço justo. Paguei quarenta reais, o que me permitiria comprar duas Legítimas, ou então, juntar mais R$ 130 para comprar um chinelo que tinha amortecedor e até abridor de latas (é verdade, abridor de latas!). Esse que eu comprei tem todos os atributos que procuro em algo que vou colocar no pé: confortável e discreto. Semana passada, uma prima foi almoçar na minha casa. Ela está com 19 anos e é super ligada com essas coisas de marca. Pagou R$ 700,00 em um tênis, coisa e tal. Quando me viu com meu chinelinho confortável e discreto, perguntou: “Matheus, você comprou um #%$¨@& (não vou fazer propaganda para ninguém aqui)?” Como a pergunta foi retórica, não precisei responder. Só quis saber o motivo do espanto dela.

Foi então que descobri que aquele chinelo, tão bonito e confortável era de “marginal”. Quando ouvi aquilo, o chinelinho não perdeu seus atributos, mas eu fiquei com uma pulga atrás da orelha – existe chinelo de marginal? Se existir, então existe chinelo de “prayboy”, de “hippie de butique” e o escambau? Provavelmente.

Só mais tarde, naquele mesmo dia eu entendi que não existe chinelo de marginal nem do escambau. Um dia, estava na fila do cinema com minha namorada. Comecei a rir e ela não entendeu nada. Bem perto da gente, tinha uma penca de caras vestidos com bonés de R$ 200; calças jeans de quase mil reais (rasgadas, é claro); camisetas de malha com muita estampa que não saem por menos de R$ 150,00, e claro, as Legítimas nos pés. Claro, tudo pensando no conforto. Geralmente, quem se veste com boné, calça rasgada, camiseta de malha e chinelo de dedo? Bóia fria. Tava explicado: os caras gastaram quase duas mil pratas para ficarem parecidos com bóias frias. Se eles usavam Rolex? Realmente não reparei.

sábado, 20 de junho de 2009

Coisas da vida...

E agora? Agora, o relacionamento chegou ao fim. Você se pergunta como algo que durou tanto tempo termina assim, de repente. O grande problema: não foi de repente, apenas você não viu. Acontece! Ela te traiu? Também acontece e vem pra provar a teoria universal: todo homem é corno e toda mulher tem celulite. Alguns são mais, outros menos. Algumas têm muita, outras, só um pouquinho. Você a traiu? Todos sabemos: não existe homem fiel, existe mulher mal informada. Logo...

Menos de uma semana depois do término (ou antes do fim) e ela já está com aquele camarada que você sempre teve cisma? Ótimo! Isso mostra que você é um bom observador, apesar de não ter dado atenção a quem mais importava: ela. Shit Happens. O ruim é saber que ela partiu pra outra. O cara não é seu amigo, mas sempre conviveu com você. Se ele quebrou uma das regras dos homens – a de não comer a namorada ou ex-namorada de um colega, foda-se. Quando esbarrar ele na rua, não o trate como um homem e encha-o de porrada, encare-o ao ponto de intimidá-lo, ou, simplesmente, cumprimente-o da forma mais normal possível. Só vai depender de você e da sua consciência.

A vida é dura, cara. A vida é engraçada. A vida é louca e é preciosa. Se você é do tipo pessimista (embora alguns prefiram o termo realista) vai dizer apenas que ela é dura. Se lê muito livro de auto-ajuda, vai preferir a última opção. A verdade é que você deve encará-la de todas as formas, meu amigo. Está sem chão e já chorou tudo o que podia porque tudo acabou? Isso faz parte de uma das coisas mais difíceis do relacionamento – o desapego, um novo começo. A vida é dura. Mas e se você foi um dos grandes responsáveis pelo fim? Então, a vida é engraçada. Se uma coisa acaba, é porque não está boa. Se estivesse, não acabaria. A vida é preciosa. A amizade continua? Ainda existe respeito ou algum tipo de amor? Só vocês dois podem dizer. Vão ficar juntos novamente? Não fique pensando nisso. A vida é dura. A vida é engraçada. A vida é louca e é preciosa.

Ela é uma mulher linda? Inteligente? Decidida? É batalhadora e sempre esteve ao seu lado quando você precisou? Ainda bem. A vida é preciosa. Você não é um total fracassado e estava com uma pessoa especial. Se alguém assim quis ficar com você, outras também vão. Mas, numa boa, não tente achar outra assim. Não agora. Não tente preencher um vazio. A sua hora vai chegar. Encare as loucuras da vida. Seja louco. Fique louco. Coma todas que puder, mas não mande flores nem ligue no dia seguinte. Volte a sair com seus amigos, encha a lata e só chegue em casa de manhã. Quando te bater aquele desespero (porque você ainda a ama), não se esqueça: a vida é dura. Se perceber que o seu celular não tem mais os telefones das “fodas amigas”, aí o problema é seu, xará. A vida é engraçada.

Quando cair numa onda de ficar recordando todas as coisas boas que aconteceram e a saudade bater, (ela vai bater) lembre-se: a vida é preciosa. Vale até fazer uma coletânea de músicas para se lembrar dela, as famosas “músicas de nós dois”. Agora, se a nostalgia se tornar constante, olhe para trás e veja todos os erros que cometeu ao longo do tempo. Por isso, tudo acabou. Por isso, a vida é louca. Aí, xará, é hora de fazer uma coletânea do AC/DC, já que ela odeia tanto o som dos caras. Não! Na verdade, é melhor ouvir a discografia completa deles. O dia inteiro!

Mais do que nunca, agora é hora de levar a vida como sempre levou. Não tente mudá-la por uma obrigação boba. Vai estar apenas se enganando. Continue fazendo as coisas que realmente te dão prazer. Ao fazer isso, perceberá muitas coisas. Todos os seus amigos estarão ao seu lado, fazendo de tudo pra te ver bem ou apenas fazendo o que sempre fizeram – sendo amigos. Vai perceber que tem a sua família, suas músicas, seus filmes e livros. Comece a traçar novos objetivos, novos planos e, nessas horas, diga: a vida é dura. Então, chore. A vida é engraçada. Morra de rir dela. A vida é louca. Você também é. A vida é preciosa. Dê valor a ela. A vida é apenas uma. Viva-a.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um viva à curiosidade

Algumas coisas acontecem apenas para despertar nossa curiosidade, por mais mórbida que ela seja. No começo de 2007, quando o papa Bento 16 veio ao Brasil, uma notícia me despertou essa tal “curiosidade mórbida”.

Sandy & Júnior, até então a “dupla sertaneja-romântica-teen-vamo pulá vamo pulá” mais famosa do Brasil, iria se apresentar para vossa santidade. Mas isso não aconteceu. Na época, a assessoria apenas disse que os dois não poderiam cantar para o pontífice por causa da falta de espaço na agenda dos cantores. Também disseram que no período da visita de Bento 16 (entre 9 e 13 de maio), Sandy & Júnior estariam totalmente dedicados a um novo projeto da carreira, que seria anunciado em breve.

Hoje, já sabemos o destino dos dois. Sandy se dedicou à carreira solo, até cometendo o absurdo de cantar jazz. Quanta heresia!! Depois se casou e, aparentemente, as pessoas perderam o interesse por ela. O irmão dela, Sandy & Júnior, (é muito gostoso chamá-lo assim) montou a banda Nove Mil Anjos, continuou com seus cortes de cabelo esdrúxulos, mas acho que irá para o inferno assim mesmo.

Voltando ao que interessa: quando li a notícia, estava totalmente insone e resolvi especular o motivo dos queridinhos do Brasil não poderem se apresentar para o papa. Abaixo, minha teoria da conspiração.


O papa não é mais pop. A Sandy não é mais virgem.


Hoje, li uma notícia que me deixou totalmente perplexo: Sandy & Júnior não vão mais cantar para o papa Bento 16! O grande problema do meu atordoamento não é o fato em si, pois, sendo um ateu convicto (ou seria ateu graças a Deus?) só pude me perguntar: “O que eu tenho a ver com isso”? Também acho que os jovens católicos, presentes ao encontro com Bento 16 não estão nem um pouco preocupados com isso; eles já têm o padre Marcelo Rossi ou outras bandas católicas para entretê-los.

O triste motivo de Bento 16 não poder ver a moça virgem e seu irmão cantarem é a falta de espaço na agenda da dupla. (Digo “moça virgem”, pois, durante anos, Sandy fez questão de dizer ser imaculada em todos os mil tipos de programas dos quais participava e nunca fez questão de dizer o contrário ou anunciar o rompimento do seu hímen).

A agenda dos dois deve realmente estar lotada, pois segundo a assessoria de Sandy & Júnior, entre nove e 13 de maio, período da visita do papa ao Brasil, “os dois estarão totalmente dedicados a um novo projeto da carreira, que será em breve anunciado oficialmente”.

Esta matéria parece ter sido muito importante, pois a li na Folha Online e a assisti no Jornal da Globo (acredito que também foi ao ar no Jornal Nacional, do SBT e da Band. A Record, por motivos mais do que óbvios deve ter sido a única a não dar a notícia). Como sou estudante de jornalismo e não vejo os jornais das 19h ou das 20h, fiquei curioso sobre esta agenda tão cheia e sobre este novo projeto guardado em sigilo. Ah, me esqueci de mencionar que o Jornal da Rede TV e dos programas de fofoca também devem ter dado a notícia.

Já que a nota da assessoria da dupla me despertou certa curiosidade e me deu o privilégio da dúvida, a única coisa que me restou fazer durante o dia, a noite e a madrugada, foi fazer especulações e criar teorias para o fato.

Enquanto escrevo estas baboseiras às 4 da manhã como um bom insone, à base de café, cigarros e ouvindo Madeleine Peyroux, que com certeza não é virgem e tem um estilo musical mais agradável aos meus ouvidos, fico imaginando qual será o diabo deste novo projeto. Será que os dois alegaram estar com a agenda cheia porque vão montar uma dupla de Heavy Metal Anticristo? Com certeza este seria um motivo. Mas isto não traria culpa para Sandy & Júnior, pois eles acreditam no tinhoso e ao se apresentaram para o alemão conseguiriam certamente fechar as portas para o Céu. É, pelo jeito a primeira especulação foi por água abaixo.

Outra especulação, esta, do tipo que só nos vem à mente de madrugada, pode explicar o motivo do cancelamento: como a Sandy não vende seu corpo literalmente, mas vende sandálias, cadernos, bonecas, vários tipos de bugigangas e, infelizmente, CDs, teve uma crise existencial e não teve coragem de se apresentar para a autoridade máxima do Vaticano. Vai que Deus esteja preparando um grande castigo para quando ela chegar na porta do Céu? É, esta teoria só faz sentido quando nossos sentidos estão um pouco afetados. Mais uma vai por água abaixo.

Estou na frente do computador há quase 15 minutos e não consigo fazer mais especulações ou criar teorias. Acho que é porque estou ouvindo blues, o que me deixa mais introspectivo. Vou colocar um Hendrix, às vezes uma névoa púrpura clareie minhas idéias.

Pronto! Sabia que o Deus da guitarra, me ajudaria. A Sandy não é mais virgem! Este é o motivo! Como uma boa moça católica poderia praticar sexo fora do casamento, e o pior, sentir prazer durante o ato sexual e se apresentar para o papa?! Isso seria inadmissível. Quando ela batesse na porta do Céu, não seria atendida.

A partir de agora, caros leitores, cabe a vocês decidir qual das teorias é a melhor, pois minha cama me chama, e como não preciso rezar o Credo antes de dormir, vou colocar One For My Baby da Billie Hollyday, que com certeza não morreu virgem e, na minha opinião, tem um estilo musical bem melhor que o da Sandy.

Antes que eu me esqueça - caso algum jovem leitor católico tenha se ofendido com o cancelamento da apresentação de Sandy & Júnior para o papa Bento 16, junte uma boa turma e levem a dupla para o Monte Sinai e, em coro, cantem pedindo para os dois: “Vamo pulá, vamo pulá, vamo pulá, vamo pulá”!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Por volta da meia-noite. De acordo com as novas regras ortográficas, meia noite.


Bem... Tudo precisa de um começo. Então, resolvi que meu primeiro post seria sobre a sinopse do filme que não serviu de inspiração para o nome do blog.
Poderia até dizer que me inspirou, pois foi um dos grandes filmes que já tive o prazer de assistir. Vamos a ela, pois "Por Volta da Meia-Noite" merece ser visto.
Sinopse:
Paris, 1959. Dentro do clube Blue Note, um veterano e talentoso músico de Jazz extrai uma eloquente melodia de seu sax tenor. Do lado de fora, um jovem parisiense decide acompanhar aquelas belas notas. Em breve, eles erguerão uma amizade que acenderá a centelha de genialidade final na carreira do músico.
Por volta da Meia-Noite que rendeu um Oscar® de melhor trilha sonora a Herbie Hancock, é uma elegante ode ao Bebop - Estilo jazzlístico surgido após a segunda guerra mundial - e aos afro americanos expatriados que o criaram, o nutriram e viveram dele. Dirigido por Bartrand Tavernier e estrelado pelo grande sax tenor Dexter Gordon, numa performance inesquecível, esta é uma jornada musical maravilhosa.
Depois deste post, não faço ideia do que virá, mas sei que será sempre por volta da meia noite...