Estão todos aí?

Todo jornalista, todo escritor, todos que se propõem a publicar seus textos são vaidosos, narcisistas por excelência. E eu sou um deles - um narcisista inseguro. Por isso, resolvi postar em vez de me prostrar. A idéia de “Por Volta da Meia Noite” surgiu para compartilhar devaneios, reflexões e amenidades com quem estiver disposto. Mas por favor, não leve me leve a sério. Todas essas palavras são despretensiosas, embora eu não as esteja jogando ao vento.

Logo acima, escrevi idéia porque tenho até 2012 para me adaptar às novas regras ortográficas, então, acostume-se com a escrita dentro e fora dos padrões.

Por falar em palavras, não me lembro se li, ou se alguém me disse que um escritor tem 15 páginas para te convencer a ler seu livro. Se depois disso você não sentir atração pelo texto, parta para outro (livro ou escritor).

Aqui não existirão livros. Digitarei 500, mil, cinco mil caracteres (textos enormes, se pensarmos que a nova moda são os 140 toques por postagem), portanto, não hesite em parar de ler caso o primeiro parágrafo não agrade. Vá para outro texto, outro blog, ou então, vá para a puta que pariu.

Aproveite!

sábado, 27 de junho de 2009

Hangover

Hoje a ressaca tá me matando. O frio tá ideal pra sair e tomar um vinho, um Jack Daniel's ou uma vodka. O problema é que hoje não quero rebater. Amanhã é aniversário de um grande amigo, então é melhor ir pra debaixo das cobertas e assistir "O Grande Lebowski" pela enésima vez. Falando em noite fria, aí embaixo tão as impressões que tive quando passei a noite com um travesti.
Paz...

Dois bêbados numa noite fria

A primeira vez que vi Anderson Fonseca foi em setembro de 2004, logo que me mudei para o Funcionários. Durante todo esse tempo, nunca tive vontade ou oportunidade de conversar com o cara que fica na praça em frente ao meu prédio quase todas as noites. A única coisa que sei sobre ele é que a maioria dos meus vizinhos e os moradores do prédio ao lado tentam tirá-lo dessa praça há anos. Essas pessoas não gostam da presença de Anderson. Ele é um dos travestis que ficam na esquina da minha rua com a Avenida Afonso Pena fazendo programa. Enfim, em uma noite, voltando para casa, resolvi conversar com Anderson:

- E aí, posso bater um papo com você?
- Claro, gato. O que você quer fazer?
- Nada de especial, vamos conversar.
- São 30 reais - no carro, ou no motel.
- Não, eu não quero transar com você.
- Uai! Então, o que vamos fazer?
- Já te disse. Vamos conversar. Quero saber um pouco da sua vida.

“Ihhh, gente! O gatinho aqui quer conversar comigo. Quer saber da minha vida! O que vocês acham?”, perguntou Anderson a seus colegas (ainda não me acostumei com qual artigo definir o pessoal. Seus colegas ou suas colegas?). Acho que dei sorte. Como era fim de noite e estava muito frio, a Afonso Pena estava vazia e parecia que eles não teriam muitos clientes naquela noite. As meninas (?) disseram para Anderson conversar comigo. Disse a ele que poderíamos ir ao bar do Bigode, que eu pagava uma cerveja pra ele enquanto conversávamos (esse bar fica em frente à minha casa, do outro lado da Afonso Pena).

Ele topou e fomos tomar umas e “bater o papo” que sugeri a ele. Toninho, o Bigode, me encarou e começou a rir (na primeira oportunidade, perguntou: “Uai, trocou de namorada?”). Não dei bola e continuei no bar tomando uma cerveja e conversando com Anderson.

Acho que já é hora de apresentar Anderson a vocês : nascido em 1975 em Claro dos Poções (Norte de Minas), me disse que desde a infância sabia que era uma menina. Não me lembro se essa foi a primeira coisa que me disse, mas achei interessante. Uma das coisas que me lembro e foi o meu primeiro fora:

- Faz muito tempo que você é travesti? (Como se isso fosse uma profissão)
- Eu não sou travesti, gatinho. Eu não sou um homem que se veste de mulher. Sou uma mulher no corpo de um homem.
- Então você é transexual.
- Claro! Mas não sou operada. Ainda tenho o meu pau.

A partir daí, a coisa complicou – como eu não tinha a menor intimidade com um transexual (ou travesti, seja lá o que for), fiquei sem assunto. Resolvi então, perguntar sobre sua infância. Anderson me disse que com uns sete, oito anos já tinha dado pra quase todos os meninos da cidade. Quando não quis transar com um primo (que segundo ele era a paixão da sua vida) foi dedurado para a família. “Apanhei demais do meu pai e dos meus irmãos mais velhos. Meu pai não podia admitir que eu saísse dando pra toda cidade. Não me lembro da minha mãe pedir para ele parar, mas ela sempre foi boa comigo”.

Depois dessa surra, Anderson me disse que a única coisa que pensava era em sair de Claro dos Poções. Seu sonho era ir para o Rio de Janeiro, mas, como tinha um primo que morava em Belo Horizonte, veio para cá aos 14 anos. “Quando me mudei pra cá, minha vida mudou totalmente. Meu primo me recebeu muito bem, mas acho que já sabia que todo mundo de Claro me comia, porque me comeu os quatro anos que morei com ele”.

Aos 19 anos, Anderson arranjou um namorado e foi morar com ele. Me disse que quando seu primo ficou sabendo, bateu tanto nele, que teve que parar no hospital. Me mostrou uma cicatriz enorme no braço. “Tá vendo? Foi meu primo que fez isso”.

O namorado de Anderson era 20 anos mais velho que ele o tratava muito bem. Sempre levava presentes para ele, mas nunca o apresentou para a família. “Ele era mecânico de uma empresa de ônibus e tinha vários irmãos. Dizia que se me apresentasse pra sua família, nunca mais poderia vê-los”. Fiquei sabendo que foi com Rafael, seu namorado, que Anderson começou a se vestir de mulher. “Sempre fui uma mulher, mas não me vestia de menina, achava ridículo. O Rafael sempre levava calcinha, sutiã, saia, batom – essas coisas – pra mim. Sempre que a gente fodia, pedia pra eu vestir e como eu era apaixonada por ele, usava”.

Depois de cinco anos de namoro, um vizinho de Rafael contou para seus pais que ele namorava um “viado”. “Apanhei de uns cinco. Dos pais e dos irmãos dele. Mas eles também apanharam. Eu sou magra assim, mas sou forte, gato”. Depois da surra, Rafael expulsou Anderson de casa.

“Foi aí que eu tive que começar a trabalhar, gatinho. Até meus 24 anos, tive vida de rainha. Estou na vida faz oito anos. Comecei lá na Pedro II, mas lá só tem bicha pobre. Aqui na Afonso Pena, as bichas são ricas e me tratam bem. Quando alguma tenta me sacanear, eu fodo com ele. Roubo celular, carteira e o que mais puder. Eles não vão fazer nada, não vão deixar que os filhos e a mulher descubram”.

Ainda não tinha dito a vocês, mas o “nome de guerra” de Anderson é Karina. Ela já faz programa há mais de oito anos e é viciada em cocaína. Conversamos até quase quatro horas da manhã, mas não prestei muita atenção na história dela. Achei as histórias de Anderson mais interessantes. Me ofereceu um boquete de graça, mas preferi pagar mais duas “saideiras”.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Nunca...Na Terra do Nunca

Notícia de destaque em todos os jornais e em todos os portais mundiais: "Michael Jackson morre aos 50 anos".
Beleza..
Um cara igual a ele não morre, dá defeito. Aposto que vão fazer um recall dele daqui alguns dias, meses, anos.
Mas, caso ele tenha mesmo morrido, e, caso exista mesmo um céu, vale a letra da música que estou ouvindo neste momento: "Se eu fiz algum mal a alguém que Deus tenha pidedade de mim..." Quem sabe isso o ajude ou o tenha ajudado em um momento de contrição.
Estou ouvindo a versão do The Black Keys, mas a versão original é de Junior Kimbrough.
Procurem e baixem!!!
Paz...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

E a fogueira se apagou

Ufa!! Pra quem é fã de F-1, uma boa notícia: o Triângulo das Bermudas entre Max Mosley (presidente da FIA), Bernie Ecclestone (presidente da FOM) e FOTA, (Organização das Equipes de Fórmula 1) chegou ao fim nesta quarta-feira. Apesar de ter divulgado até calendário para uma competição paralela, a FOTA chegou a um acordo com a FIA. Apesar de a situação ter me deixado apreensivo (eu não assistiria mais às corridas), era evidente que todo o qüiproquó era apenas uma guerra, uma fogueira de vaidades. E o pacto entre as pessoas mais vaidosas do mundo aconteceu. A única coisa que eu gostaria de ver era o senhor Max Mosley fora da FIA (pelo jeito, isso vai acontecer).

Vou remexer no passado, mesmo sabendo que quem vive dele é museu.Onde um cara adepto a “orgias nazistas” pode presidir o maior órgão do automobilismo mundial? Legal o cara querer uma F-1 de engenharia e não de gastos, mas, impor isso? Não!! O cara é muito louco!! Resumindo: mesmo que todos estivessem jogando lenha na fogueira, o fogo acabou. Saem ganhando equipes, montadoras, pilotos, a FOTA e os fãs. Ou seja, todos. É isso! No mais, vou continuar esperando que este seja o último ano de Rubinho na F-1. Mas também vou torcer por ele. Para ele ser vice, é claro!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Burning Down The House


No dia 02 de junho, a Dave Matthews Band lançou seu primeiro álbum de músicas inéditas desde 2005, quando "Stand Up" chegou às lojas. "Big Whiskey And The GrooGrux King" é o primeiro disco dos caras sem o saxofonista LeRoi Moore, falecido em 2008. Enquanto meu CD não chega, prefiro não fazer nenhum tipo de crítica, apesar de já ter ouvido alguma coisa e poder dizer que ficou um trabalho interessante. Diferente, mas interessante. O que não posso deixar de registrar aqui são as minhas impressões sobre o show antológico da DMB em setembro de 2008, no Rio de Janeiro.

Pondo a casa abaixo

O show foi algo de outro mundo? Clichê bobo, melhor usá-lo mais adiante. O público foi à loucura? Óbvio! Há mais de sete anos que os caras não vêm ao Brasil. Então, por onde começar? Pelo começo, porra! Na entrada do Vivo Rio, está evidente: quem vai ver a Dave Matthews Band em uma noite de terça-feira é fã alucinado dos caras. A casa de shows? Boa. Deve ter capacidade para umas cinco mil pessoas e a divisão dos setores proporciona ingressos para todos os bolsos. Não pode fumar no lugar? Um mero detalhe, pois, quando a muvuca se forma, não há segurança para mandar apagar (nenhum dos tipos de cigarro). A cerveja vagabunda a R$ 5,00, a dose de vodka custando meros R$ 12,00 e o energético pelo mesmo valor do elixir russo dão um certo desespero, mas lá eles aceitam dinheiro de plástico. Isso não tem preço porque a vida é agora.

Enquanto a banda não entra, quando um roadie passa para ver se está tudo em ordem, a galera ansiosa começa a gritar. O palco está montado sem exageros, já que a atenção estará toda voltada para Dave Matthews, Boyd Tinsley, Carter Beauford, Stefan Lessard e Jeff Coffin (saxofonista que está substituindo o recém falecido LeRoi Moore). Apenas uma coisa é estranha lá em cima. No canto esquerdo, um belo e imponente amplificador Marshall. Mas por que ele está lá? Às 21h31, com um minuto de atraso, descobrimos. Quem está lá pode se preparar para uma noite única: Tim Reynolds, grande parceiro de Dave Matthews entra no palco junto com a banda, segurando uma Stratocaster laranja e branca. Eles não conseguem se apresentar direito, pois todos gritam como gruppies alucinadas. E vem o primeiro acorde, nos introduzindo a “Bartender”. São mais de 4500 pessoas cantando em coro uníssono. Nesse momento, a banda percebe que a noite também será especial para eles. Dave Matthews já mostra que tinha tomado umas e estava no clima. Segundo ele
“...a couple of caipirinhas. And another couple. And another couple”.
Logo depois vem “Warehouse”. Os improvisos dele com a banda e as brincadeiras com o público começam. E é assim durante as quase três horas e meia de show. Antes de cantar “Stay Or Leave”, música de seu álbum solo “Some Devil”, Dave começa a falar sobre a perda de um grande amigo. Como todos estão em plena sintonia, sacam que se trata do saxofonista LeRoi Moore, fundador da banda falecido há quase dois meses. Só se ouve “LeRoi, LeRoi, LeRoi”. Os balões brancos que seriam jogados na hora do bis para prestar uma homenagem, de repente começam a surgir e, segundo uma amiga, levam os caras às lágrimas. Mas isso não é nada perto do que Dave faz: para nós brasileiros, ver o músico sul-africano levantar a nossa bandeira em um momento de pura catarse é algo inexplicável. Não sei se eles choraram com a homenagem, mas muitos de nós sim!

O momento mais empolgante do show é quando Carter faz a introdução de “Say Goodbye”, uma das canções mais bonitas da DMB. Muitos demoram a perceber de qual música se trata. São mais de cinco minutos de solo, antes de “So here we are tonight / You and me together / The storm outside, the fire is bright / And in your eyes I see / What's on my mind / You've got me wild / Turned around inside…” A participação de Carlos Malta na flauta dá um toque a mais para um hino a amigos que podem ser amantes por uma noite.

Logo após “Say Goodbye”, Dave, mais empolgado que de costume, faz uma de suas danças excêntricas enquanto a banda toca “Cornbread”. Na hora de “Crush”, todos os músicos mostram que estão ali fazendo o que gostam. Tim Reynolds faz um solo de guitarra alucinante. Boyd Tinsley toca de forma visceral seu violino. Carter Beauford, sempre sorrindo, espanca a bateria. Jeff Coffin tem a tarefa mais difícil de todas: mostrar que pode substituir LeRoi – pelo menos musicalmente – e consegue.

A setlist do show conta com 20 músicas. A maioria, dos discos mais antigos dos caras. Isso realmente mostra que os álbuns “Everyday”, “Busted Stuff” e “Stand Up” não foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público, mas todos pedem para tocar “Everyday”, vão à loucura com “Bartender” e cantam do começo ao fim “You Might Die Trying” (esta última, presente em “Stand Up”).

A DMB não toca “Lie In Our Graves”, “Everyday” e “Long Black Veil”, mas isso não é problema. A apresentação perderia a graça, já que superaria qualquer expectativa. (Eu também colocaria “Minarets” na setlist). O único porém fica por conta do público, um dos protagonistas do show. Assim que volta para o bis, Dave Matthews, alucinado, toca “Burning Down The House”, do Talking Heads. Nessa música, ele simplesmente expressa o que aconteceu na noite de 30 de setembro de 2008: a casa foi abaixo, mas o pessoal parece não ter entendido o recado. Não se empolga nem demonstra muito interesse pela música. Dessa vez ele toca praticamente sozinho. Uma pena.

Para encerrar a noite, nada melhor do que “Two Step”. Como já diz a música, “...let’s celebrate...”. E todos celebramos, comemoramos, estamos emocionados. Vamos à loucura. Tim Reynolds ajuda. Faz um solo de mais de seis minutos, usando uma Gibson semi-acústica. Meia noite e cinqüenta e dois minutos: os músicos se despedem após uma apresentação que vai ficar na memória da banda e no coração de mais de 4000 pessoas que pagaram entre R$ 120,00 e R$ 450,00. Um preço baixo por uma noite de êxtase. Algum clichê tinha que ser usado.



Abaixo, a dancinha do cara, enquanto toca "Cornbread"


Sobre relógios e chinelos


Quando roubaram o Rolex de Luciano Huck no final de 2007, a Folha de São Paulo cedeu um espaço ao apresentador na editoria de Opinião do jornal para ele desabafar. O cara foi muito infeliz no texto, tanto que a polêmica foi enorme. Ferréz, um grande escritor (literatura marginal é com ele mesmo) também teve espaço para escrever na Folha, justamente sobre o tal relógio. E a celeuma continuava. A Rede Globo chegou a fazer uma matéria mostrando como funciona o esquema de roubo de relógios de luxo (ela tinha que fazer isso, já que seu funcionário foi assaltado). Zeca Baleiro mandou uma carta para a Folha “descendo a lenha em Huck” e foi muito criticado por isso. Enfim, o cantor também teve seu espaço no jornal. Eu realmente não entendi como o roubo de um relógio cujo valor pode alimentar uma família por mais de um ano ganhou proporções tão grandes.

Na minha época de colégio (quando tinha uns seis, sete anos), me lembro que quando alguém nos perguntava as horas, dizíamos: “Relógio de pobre é na igreja”. Como boas crianças, não tínhamos noção do que estávamos dizendo, mas, para mim, essa frase tem outro sentido nos dias de hoje. Se você quer saber as horas, tem um milhão de possibilidades: o relógio do computador; do celular; dos termômetros espalhados pela cidade; perguntar as horas para alguém, ou então, realmente olhar as horas em alguma igreja (estamos em um país de colonização católica, então, relógio é o que não vai faltar).

No final do século XIX, realmente devia ser mais difícil saber as horas, até porque, a única maneira realmente seria ter um relógio de bolso ou o das igrejas (será que a frase que dizíamos quando crianças veio dessa época?). Depois que Santos Dumont inventou o relógio de pulso, as coisas começaram a ficar mais fáceis. Depois do relógio digital, nem se fala – o preço ficou muito menor e todos já podem colocar uma “pulseira que marca horas” no braço esquerdo ou direito (confesso que sinto um pouco de aflição de pessoas que usam relógio no braço direito).

Vamos pensar em algumas coisas: 1) função: o relógio serve pra marcar horas e ponto final; 2) o relógio que custa oitenta reais (comprado em loja, com nota fiscal) marca horas da mesma forma que um relógio de vinte mil pratas (sim!! R$ 20.000,00!!! Este, geralmente comprado no exterior. Quando é roubado, já era, não tem como você reclamar, justamente por falta da nota fiscal).

Antes que me chamem de comunista de museu, só tenho uma coisa para dizer: Nos dias de hoje, a única função de um Rolex é criar um sectarismo. Se todos pudessem ter um, ele não precisaria “existir” e todos usariam o relógio de oitenta reais e não seriam roubados (esqueci de dizer: quem usa relógio, seja no braço direito ou no esquerdo, com o visor virado para baixo, me dá medo!).

Você pode até estar se perguntando: “Mas aonde ele quer chegar com essa porcaria?”. Agora vai ficar sabendo. Vou para a praia, depois de sete anos sem ver o mar (sou mineiro). Como já faz muito tempo que não tenho contato com o mormaço, com a areia dentro da sunga e outras coisas típicas do litoral, saí para comprar algumas coisas. Duas bermudas de surfwear, protetor solar fator 60 (para aproveitar os dez dias de sol), um chinelo bem confortável e algumas coisas supérfluas (viu como não sou um comunista de museu?!).

Pois bem. Achei um chinelo do jeito que queria e por um preço justo. Paguei quarenta reais, o que me permitiria comprar duas Legítimas, ou então, juntar mais R$ 130 para comprar um chinelo que tinha amortecedor e até abridor de latas (é verdade, abridor de latas!). Esse que eu comprei tem todos os atributos que procuro em algo que vou colocar no pé: confortável e discreto. Semana passada, uma prima foi almoçar na minha casa. Ela está com 19 anos e é super ligada com essas coisas de marca. Pagou R$ 700,00 em um tênis, coisa e tal. Quando me viu com meu chinelinho confortável e discreto, perguntou: “Matheus, você comprou um #%$¨@& (não vou fazer propaganda para ninguém aqui)?” Como a pergunta foi retórica, não precisei responder. Só quis saber o motivo do espanto dela.

Foi então que descobri que aquele chinelo, tão bonito e confortável era de “marginal”. Quando ouvi aquilo, o chinelinho não perdeu seus atributos, mas eu fiquei com uma pulga atrás da orelha – existe chinelo de marginal? Se existir, então existe chinelo de “prayboy”, de “hippie de butique” e o escambau? Provavelmente.

Só mais tarde, naquele mesmo dia eu entendi que não existe chinelo de marginal nem do escambau. Um dia, estava na fila do cinema com minha namorada. Comecei a rir e ela não entendeu nada. Bem perto da gente, tinha uma penca de caras vestidos com bonés de R$ 200; calças jeans de quase mil reais (rasgadas, é claro); camisetas de malha com muita estampa que não saem por menos de R$ 150,00, e claro, as Legítimas nos pés. Claro, tudo pensando no conforto. Geralmente, quem se veste com boné, calça rasgada, camiseta de malha e chinelo de dedo? Bóia fria. Tava explicado: os caras gastaram quase duas mil pratas para ficarem parecidos com bóias frias. Se eles usavam Rolex? Realmente não reparei.

sábado, 20 de junho de 2009

Coisas da vida...

E agora? Agora, o relacionamento chegou ao fim. Você se pergunta como algo que durou tanto tempo termina assim, de repente. O grande problema: não foi de repente, apenas você não viu. Acontece! Ela te traiu? Também acontece e vem pra provar a teoria universal: todo homem é corno e toda mulher tem celulite. Alguns são mais, outros menos. Algumas têm muita, outras, só um pouquinho. Você a traiu? Todos sabemos: não existe homem fiel, existe mulher mal informada. Logo...

Menos de uma semana depois do término (ou antes do fim) e ela já está com aquele camarada que você sempre teve cisma? Ótimo! Isso mostra que você é um bom observador, apesar de não ter dado atenção a quem mais importava: ela. Shit Happens. O ruim é saber que ela partiu pra outra. O cara não é seu amigo, mas sempre conviveu com você. Se ele quebrou uma das regras dos homens – a de não comer a namorada ou ex-namorada de um colega, foda-se. Quando esbarrar ele na rua, não o trate como um homem e encha-o de porrada, encare-o ao ponto de intimidá-lo, ou, simplesmente, cumprimente-o da forma mais normal possível. Só vai depender de você e da sua consciência.

A vida é dura, cara. A vida é engraçada. A vida é louca e é preciosa. Se você é do tipo pessimista (embora alguns prefiram o termo realista) vai dizer apenas que ela é dura. Se lê muito livro de auto-ajuda, vai preferir a última opção. A verdade é que você deve encará-la de todas as formas, meu amigo. Está sem chão e já chorou tudo o que podia porque tudo acabou? Isso faz parte de uma das coisas mais difíceis do relacionamento – o desapego, um novo começo. A vida é dura. Mas e se você foi um dos grandes responsáveis pelo fim? Então, a vida é engraçada. Se uma coisa acaba, é porque não está boa. Se estivesse, não acabaria. A vida é preciosa. A amizade continua? Ainda existe respeito ou algum tipo de amor? Só vocês dois podem dizer. Vão ficar juntos novamente? Não fique pensando nisso. A vida é dura. A vida é engraçada. A vida é louca e é preciosa.

Ela é uma mulher linda? Inteligente? Decidida? É batalhadora e sempre esteve ao seu lado quando você precisou? Ainda bem. A vida é preciosa. Você não é um total fracassado e estava com uma pessoa especial. Se alguém assim quis ficar com você, outras também vão. Mas, numa boa, não tente achar outra assim. Não agora. Não tente preencher um vazio. A sua hora vai chegar. Encare as loucuras da vida. Seja louco. Fique louco. Coma todas que puder, mas não mande flores nem ligue no dia seguinte. Volte a sair com seus amigos, encha a lata e só chegue em casa de manhã. Quando te bater aquele desespero (porque você ainda a ama), não se esqueça: a vida é dura. Se perceber que o seu celular não tem mais os telefones das “fodas amigas”, aí o problema é seu, xará. A vida é engraçada.

Quando cair numa onda de ficar recordando todas as coisas boas que aconteceram e a saudade bater, (ela vai bater) lembre-se: a vida é preciosa. Vale até fazer uma coletânea de músicas para se lembrar dela, as famosas “músicas de nós dois”. Agora, se a nostalgia se tornar constante, olhe para trás e veja todos os erros que cometeu ao longo do tempo. Por isso, tudo acabou. Por isso, a vida é louca. Aí, xará, é hora de fazer uma coletânea do AC/DC, já que ela odeia tanto o som dos caras. Não! Na verdade, é melhor ouvir a discografia completa deles. O dia inteiro!

Mais do que nunca, agora é hora de levar a vida como sempre levou. Não tente mudá-la por uma obrigação boba. Vai estar apenas se enganando. Continue fazendo as coisas que realmente te dão prazer. Ao fazer isso, perceberá muitas coisas. Todos os seus amigos estarão ao seu lado, fazendo de tudo pra te ver bem ou apenas fazendo o que sempre fizeram – sendo amigos. Vai perceber que tem a sua família, suas músicas, seus filmes e livros. Comece a traçar novos objetivos, novos planos e, nessas horas, diga: a vida é dura. Então, chore. A vida é engraçada. Morra de rir dela. A vida é louca. Você também é. A vida é preciosa. Dê valor a ela. A vida é apenas uma. Viva-a.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um viva à curiosidade

Algumas coisas acontecem apenas para despertar nossa curiosidade, por mais mórbida que ela seja. No começo de 2007, quando o papa Bento 16 veio ao Brasil, uma notícia me despertou essa tal “curiosidade mórbida”.

Sandy & Júnior, até então a “dupla sertaneja-romântica-teen-vamo pulá vamo pulá” mais famosa do Brasil, iria se apresentar para vossa santidade. Mas isso não aconteceu. Na época, a assessoria apenas disse que os dois não poderiam cantar para o pontífice por causa da falta de espaço na agenda dos cantores. Também disseram que no período da visita de Bento 16 (entre 9 e 13 de maio), Sandy & Júnior estariam totalmente dedicados a um novo projeto da carreira, que seria anunciado em breve.

Hoje, já sabemos o destino dos dois. Sandy se dedicou à carreira solo, até cometendo o absurdo de cantar jazz. Quanta heresia!! Depois se casou e, aparentemente, as pessoas perderam o interesse por ela. O irmão dela, Sandy & Júnior, (é muito gostoso chamá-lo assim) montou a banda Nove Mil Anjos, continuou com seus cortes de cabelo esdrúxulos, mas acho que irá para o inferno assim mesmo.

Voltando ao que interessa: quando li a notícia, estava totalmente insone e resolvi especular o motivo dos queridinhos do Brasil não poderem se apresentar para o papa. Abaixo, minha teoria da conspiração.


O papa não é mais pop. A Sandy não é mais virgem.


Hoje, li uma notícia que me deixou totalmente perplexo: Sandy & Júnior não vão mais cantar para o papa Bento 16! O grande problema do meu atordoamento não é o fato em si, pois, sendo um ateu convicto (ou seria ateu graças a Deus?) só pude me perguntar: “O que eu tenho a ver com isso”? Também acho que os jovens católicos, presentes ao encontro com Bento 16 não estão nem um pouco preocupados com isso; eles já têm o padre Marcelo Rossi ou outras bandas católicas para entretê-los.

O triste motivo de Bento 16 não poder ver a moça virgem e seu irmão cantarem é a falta de espaço na agenda da dupla. (Digo “moça virgem”, pois, durante anos, Sandy fez questão de dizer ser imaculada em todos os mil tipos de programas dos quais participava e nunca fez questão de dizer o contrário ou anunciar o rompimento do seu hímen).

A agenda dos dois deve realmente estar lotada, pois segundo a assessoria de Sandy & Júnior, entre nove e 13 de maio, período da visita do papa ao Brasil, “os dois estarão totalmente dedicados a um novo projeto da carreira, que será em breve anunciado oficialmente”.

Esta matéria parece ter sido muito importante, pois a li na Folha Online e a assisti no Jornal da Globo (acredito que também foi ao ar no Jornal Nacional, do SBT e da Band. A Record, por motivos mais do que óbvios deve ter sido a única a não dar a notícia). Como sou estudante de jornalismo e não vejo os jornais das 19h ou das 20h, fiquei curioso sobre esta agenda tão cheia e sobre este novo projeto guardado em sigilo. Ah, me esqueci de mencionar que o Jornal da Rede TV e dos programas de fofoca também devem ter dado a notícia.

Já que a nota da assessoria da dupla me despertou certa curiosidade e me deu o privilégio da dúvida, a única coisa que me restou fazer durante o dia, a noite e a madrugada, foi fazer especulações e criar teorias para o fato.

Enquanto escrevo estas baboseiras às 4 da manhã como um bom insone, à base de café, cigarros e ouvindo Madeleine Peyroux, que com certeza não é virgem e tem um estilo musical mais agradável aos meus ouvidos, fico imaginando qual será o diabo deste novo projeto. Será que os dois alegaram estar com a agenda cheia porque vão montar uma dupla de Heavy Metal Anticristo? Com certeza este seria um motivo. Mas isto não traria culpa para Sandy & Júnior, pois eles acreditam no tinhoso e ao se apresentaram para o alemão conseguiriam certamente fechar as portas para o Céu. É, pelo jeito a primeira especulação foi por água abaixo.

Outra especulação, esta, do tipo que só nos vem à mente de madrugada, pode explicar o motivo do cancelamento: como a Sandy não vende seu corpo literalmente, mas vende sandálias, cadernos, bonecas, vários tipos de bugigangas e, infelizmente, CDs, teve uma crise existencial e não teve coragem de se apresentar para a autoridade máxima do Vaticano. Vai que Deus esteja preparando um grande castigo para quando ela chegar na porta do Céu? É, esta teoria só faz sentido quando nossos sentidos estão um pouco afetados. Mais uma vai por água abaixo.

Estou na frente do computador há quase 15 minutos e não consigo fazer mais especulações ou criar teorias. Acho que é porque estou ouvindo blues, o que me deixa mais introspectivo. Vou colocar um Hendrix, às vezes uma névoa púrpura clareie minhas idéias.

Pronto! Sabia que o Deus da guitarra, me ajudaria. A Sandy não é mais virgem! Este é o motivo! Como uma boa moça católica poderia praticar sexo fora do casamento, e o pior, sentir prazer durante o ato sexual e se apresentar para o papa?! Isso seria inadmissível. Quando ela batesse na porta do Céu, não seria atendida.

A partir de agora, caros leitores, cabe a vocês decidir qual das teorias é a melhor, pois minha cama me chama, e como não preciso rezar o Credo antes de dormir, vou colocar One For My Baby da Billie Hollyday, que com certeza não morreu virgem e, na minha opinião, tem um estilo musical bem melhor que o da Sandy.

Antes que eu me esqueça - caso algum jovem leitor católico tenha se ofendido com o cancelamento da apresentação de Sandy & Júnior para o papa Bento 16, junte uma boa turma e levem a dupla para o Monte Sinai e, em coro, cantem pedindo para os dois: “Vamo pulá, vamo pulá, vamo pulá, vamo pulá”!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Por volta da meia-noite. De acordo com as novas regras ortográficas, meia noite.


Bem... Tudo precisa de um começo. Então, resolvi que meu primeiro post seria sobre a sinopse do filme que não serviu de inspiração para o nome do blog.
Poderia até dizer que me inspirou, pois foi um dos grandes filmes que já tive o prazer de assistir. Vamos a ela, pois "Por Volta da Meia-Noite" merece ser visto.
Sinopse:
Paris, 1959. Dentro do clube Blue Note, um veterano e talentoso músico de Jazz extrai uma eloquente melodia de seu sax tenor. Do lado de fora, um jovem parisiense decide acompanhar aquelas belas notas. Em breve, eles erguerão uma amizade que acenderá a centelha de genialidade final na carreira do músico.
Por volta da Meia-Noite que rendeu um Oscar® de melhor trilha sonora a Herbie Hancock, é uma elegante ode ao Bebop - Estilo jazzlístico surgido após a segunda guerra mundial - e aos afro americanos expatriados que o criaram, o nutriram e viveram dele. Dirigido por Bartrand Tavernier e estrelado pelo grande sax tenor Dexter Gordon, numa performance inesquecível, esta é uma jornada musical maravilhosa.
Depois deste post, não faço ideia do que virá, mas sei que será sempre por volta da meia noite...