No dia 02 de junho, a Dave Matthews Band lançou seu primeiro álbum de músicas inéditas desde 2005, quando "Stand Up" chegou às lojas. "Big Whiskey And The GrooGrux King" é o primeiro disco dos caras sem o saxofonista LeRoi Moore, falecido em 2008. Enquanto meu CD não chega, prefiro não fazer nenhum tipo de crítica, apesar de já ter ouvido alguma coisa e poder dizer que ficou um trabalho interessante. Diferente, mas interessante. O que não posso deixar de registrar aqui são as minhas impressões sobre o show antológico da DMB em setembro de 2008, no Rio de Janeiro.
Pondo a casa abaixo
O show foi algo de outro mundo? Clichê bobo, melhor usá-lo mais adiante. O público foi à loucura? Óbvio! Há mais de sete anos que os caras não vêm ao Brasil. Então, por onde começar? Pelo começo, porra! Na entrada do Vivo Rio, está evidente: quem vai ver a Dave Matthews Band em uma noite de terça-feira é fã alucinado dos caras. A casa de shows? Boa. Deve ter capacidade para umas cinco mil pessoas e a divisão dos setores proporciona ingressos para todos os bolsos. Não pode fumar no lugar? Um mero detalhe, pois, quando a muvuca se forma, não há segurança para mandar apagar (nenhum dos tipos de cigarro). A cerveja vagabunda a R$ 5,00, a dose de vodka custando meros R$ 12,00 e o energético pelo mesmo valor do elixir russo dão um certo desespero, mas lá eles aceitam dinheiro de plástico. Isso não tem preço porque a vida é agora.
Enquanto a banda não entra, quando um roadie passa para ver se está tudo em ordem, a galera ansiosa começa a gritar. O palco está montado sem exageros, já que a atenção estará toda voltada para Dave Matthews, Boyd Tinsley, Carter Beauford, Stefan Lessard e Jeff Coffin (saxofonista que está substituindo o recém falecido LeRoi Moore). Apenas uma coisa é estranha lá em cima. No canto esquerdo, um belo e imponente amplificador Marshall. Mas por que ele está lá? Às 21h31, com um minuto de atraso, descobrimos. Quem está lá pode se preparar para uma noite única: Tim Reynolds, grande parceiro de Dave Matthews entra no palco junto com a banda, segurando uma Stratocaster laranja e branca. Eles não conseguem se apresentar direito, pois todos gritam como gruppies alucinadas. E vem o primeiro acorde, nos introduzindo a “Bartender”. São mais de 4500 pessoas cantando em coro uníssono. Nesse momento, a banda percebe que a noite também será especial para eles. Dave Matthews já mostra que tinha tomado umas e estava no clima. Segundo ele “...a couple of caipirinhas. And another couple. And another couple”.
O momento mais empolgante do show é quando Carter faz a introdução de “Say Goodbye”, uma das canções mais bonitas da DMB. Muitos demoram a perceber de qual música se trata. São mais de cinco minutos de solo, antes de “So here we are tonight / You and me together / The storm outside, the fire is bright / And in your eyes I see / What's on my mind / You've got me wild / Turned around inside…” A participação de Carlos Malta na flauta dá um toque a mais para um hino a amigos que podem ser amantes por uma noite.
Logo após “Say Goodbye”, Dave, mais empolgado que de costume, faz uma de suas danças excêntricas enquanto a banda toca “Cornbread”. Na hora de “Crush”, todos os músicos mostram que estão ali fazendo o que gostam. Tim Reynolds faz um solo de guitarra alucinante. Boyd Tinsley toca de forma visceral seu violino. Carter Beauford, sempre sorrindo, espanca a bateria. Jeff Coffin tem a tarefa mais difícil de todas: mostrar que pode substituir LeRoi – pelo menos musicalmente – e consegue.
A setlist do show conta com 20 músicas. A maioria, dos discos mais antigos dos caras. Isso realmente mostra que os álbuns “Everyday”, “Busted Stuff” e “Stand Up” não foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público, mas todos pedem para tocar “Everyday”, vão à loucura com “Bartender” e cantam do começo ao fim “You Might Die Trying” (esta última, presente em “Stand Up”).
A DMB não toca “Lie In Our Graves”, “Everyday” e “Long Black Veil”, mas isso não é problema. A apresentação perderia a graça, já que superaria qualquer expectativa. (Eu também colocaria “Minarets” na setlist). O único porém fica por conta do público, um dos protagonistas do show. Assim que volta para o bis, Dave Matthews, alucinado, toca “Burning Down The House”, do Talking Heads. Nessa música, ele simplesmente expressa o que aconteceu na noite de 30 de setembro de 2008: a casa foi abaixo, mas o pessoal parece não ter entendido o recado. Não se empolga nem demonstra muito interesse pela música. Dessa vez ele toca praticamente sozinho. Uma pena.
Para encerrar a noite, nada melhor do que “Two Step”. Como já diz a música, “...let’s celebrate...”. E todos celebramos, comemoramos, estamos emocionados. Vamos à loucura. Tim Reynolds ajuda. Faz um solo de mais de seis minutos, usando uma Gibson semi-acústica. Meia noite e cinqüenta e dois minutos: os músicos se despedem após uma apresentação que vai ficar na memória da banda e no coração de mais de 4000 pessoas que pagaram entre R$ 120,00 e R$ 450,00. Um preço baixo por uma noite de êxtase. Algum clichê tinha que ser usado.
Abaixo, a dancinha do cara, enquanto toca "Cornbread"
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