Estão todos aí?

Todo jornalista, todo escritor, todos que se propõem a publicar seus textos são vaidosos, narcisistas por excelência. E eu sou um deles - um narcisista inseguro. Por isso, resolvi postar em vez de me prostrar. A idéia de “Por Volta da Meia Noite” surgiu para compartilhar devaneios, reflexões e amenidades com quem estiver disposto. Mas por favor, não leve me leve a sério. Todas essas palavras são despretensiosas, embora eu não as esteja jogando ao vento.

Logo acima, escrevi idéia porque tenho até 2012 para me adaptar às novas regras ortográficas, então, acostume-se com a escrita dentro e fora dos padrões.

Por falar em palavras, não me lembro se li, ou se alguém me disse que um escritor tem 15 páginas para te convencer a ler seu livro. Se depois disso você não sentir atração pelo texto, parta para outro (livro ou escritor).

Aqui não existirão livros. Digitarei 500, mil, cinco mil caracteres (textos enormes, se pensarmos que a nova moda são os 140 toques por postagem), portanto, não hesite em parar de ler caso o primeiro parágrafo não agrade. Vá para outro texto, outro blog, ou então, vá para a puta que pariu.

Aproveite!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Burning Down The House


No dia 02 de junho, a Dave Matthews Band lançou seu primeiro álbum de músicas inéditas desde 2005, quando "Stand Up" chegou às lojas. "Big Whiskey And The GrooGrux King" é o primeiro disco dos caras sem o saxofonista LeRoi Moore, falecido em 2008. Enquanto meu CD não chega, prefiro não fazer nenhum tipo de crítica, apesar de já ter ouvido alguma coisa e poder dizer que ficou um trabalho interessante. Diferente, mas interessante. O que não posso deixar de registrar aqui são as minhas impressões sobre o show antológico da DMB em setembro de 2008, no Rio de Janeiro.

Pondo a casa abaixo

O show foi algo de outro mundo? Clichê bobo, melhor usá-lo mais adiante. O público foi à loucura? Óbvio! Há mais de sete anos que os caras não vêm ao Brasil. Então, por onde começar? Pelo começo, porra! Na entrada do Vivo Rio, está evidente: quem vai ver a Dave Matthews Band em uma noite de terça-feira é fã alucinado dos caras. A casa de shows? Boa. Deve ter capacidade para umas cinco mil pessoas e a divisão dos setores proporciona ingressos para todos os bolsos. Não pode fumar no lugar? Um mero detalhe, pois, quando a muvuca se forma, não há segurança para mandar apagar (nenhum dos tipos de cigarro). A cerveja vagabunda a R$ 5,00, a dose de vodka custando meros R$ 12,00 e o energético pelo mesmo valor do elixir russo dão um certo desespero, mas lá eles aceitam dinheiro de plástico. Isso não tem preço porque a vida é agora.

Enquanto a banda não entra, quando um roadie passa para ver se está tudo em ordem, a galera ansiosa começa a gritar. O palco está montado sem exageros, já que a atenção estará toda voltada para Dave Matthews, Boyd Tinsley, Carter Beauford, Stefan Lessard e Jeff Coffin (saxofonista que está substituindo o recém falecido LeRoi Moore). Apenas uma coisa é estranha lá em cima. No canto esquerdo, um belo e imponente amplificador Marshall. Mas por que ele está lá? Às 21h31, com um minuto de atraso, descobrimos. Quem está lá pode se preparar para uma noite única: Tim Reynolds, grande parceiro de Dave Matthews entra no palco junto com a banda, segurando uma Stratocaster laranja e branca. Eles não conseguem se apresentar direito, pois todos gritam como gruppies alucinadas. E vem o primeiro acorde, nos introduzindo a “Bartender”. São mais de 4500 pessoas cantando em coro uníssono. Nesse momento, a banda percebe que a noite também será especial para eles. Dave Matthews já mostra que tinha tomado umas e estava no clima. Segundo ele
“...a couple of caipirinhas. And another couple. And another couple”.
Logo depois vem “Warehouse”. Os improvisos dele com a banda e as brincadeiras com o público começam. E é assim durante as quase três horas e meia de show. Antes de cantar “Stay Or Leave”, música de seu álbum solo “Some Devil”, Dave começa a falar sobre a perda de um grande amigo. Como todos estão em plena sintonia, sacam que se trata do saxofonista LeRoi Moore, fundador da banda falecido há quase dois meses. Só se ouve “LeRoi, LeRoi, LeRoi”. Os balões brancos que seriam jogados na hora do bis para prestar uma homenagem, de repente começam a surgir e, segundo uma amiga, levam os caras às lágrimas. Mas isso não é nada perto do que Dave faz: para nós brasileiros, ver o músico sul-africano levantar a nossa bandeira em um momento de pura catarse é algo inexplicável. Não sei se eles choraram com a homenagem, mas muitos de nós sim!

O momento mais empolgante do show é quando Carter faz a introdução de “Say Goodbye”, uma das canções mais bonitas da DMB. Muitos demoram a perceber de qual música se trata. São mais de cinco minutos de solo, antes de “So here we are tonight / You and me together / The storm outside, the fire is bright / And in your eyes I see / What's on my mind / You've got me wild / Turned around inside…” A participação de Carlos Malta na flauta dá um toque a mais para um hino a amigos que podem ser amantes por uma noite.

Logo após “Say Goodbye”, Dave, mais empolgado que de costume, faz uma de suas danças excêntricas enquanto a banda toca “Cornbread”. Na hora de “Crush”, todos os músicos mostram que estão ali fazendo o que gostam. Tim Reynolds faz um solo de guitarra alucinante. Boyd Tinsley toca de forma visceral seu violino. Carter Beauford, sempre sorrindo, espanca a bateria. Jeff Coffin tem a tarefa mais difícil de todas: mostrar que pode substituir LeRoi – pelo menos musicalmente – e consegue.

A setlist do show conta com 20 músicas. A maioria, dos discos mais antigos dos caras. Isso realmente mostra que os álbuns “Everyday”, “Busted Stuff” e “Stand Up” não foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público, mas todos pedem para tocar “Everyday”, vão à loucura com “Bartender” e cantam do começo ao fim “You Might Die Trying” (esta última, presente em “Stand Up”).

A DMB não toca “Lie In Our Graves”, “Everyday” e “Long Black Veil”, mas isso não é problema. A apresentação perderia a graça, já que superaria qualquer expectativa. (Eu também colocaria “Minarets” na setlist). O único porém fica por conta do público, um dos protagonistas do show. Assim que volta para o bis, Dave Matthews, alucinado, toca “Burning Down The House”, do Talking Heads. Nessa música, ele simplesmente expressa o que aconteceu na noite de 30 de setembro de 2008: a casa foi abaixo, mas o pessoal parece não ter entendido o recado. Não se empolga nem demonstra muito interesse pela música. Dessa vez ele toca praticamente sozinho. Uma pena.

Para encerrar a noite, nada melhor do que “Two Step”. Como já diz a música, “...let’s celebrate...”. E todos celebramos, comemoramos, estamos emocionados. Vamos à loucura. Tim Reynolds ajuda. Faz um solo de mais de seis minutos, usando uma Gibson semi-acústica. Meia noite e cinqüenta e dois minutos: os músicos se despedem após uma apresentação que vai ficar na memória da banda e no coração de mais de 4000 pessoas que pagaram entre R$ 120,00 e R$ 450,00. Um preço baixo por uma noite de êxtase. Algum clichê tinha que ser usado.



Abaixo, a dancinha do cara, enquanto toca "Cornbread"


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