Estão todos aí?

Todo jornalista, todo escritor, todos que se propõem a publicar seus textos são vaidosos, narcisistas por excelência. E eu sou um deles - um narcisista inseguro. Por isso, resolvi postar em vez de me prostrar. A idéia de “Por Volta da Meia Noite” surgiu para compartilhar devaneios, reflexões e amenidades com quem estiver disposto. Mas por favor, não leve me leve a sério. Todas essas palavras são despretensiosas, embora eu não as esteja jogando ao vento.

Logo acima, escrevi idéia porque tenho até 2012 para me adaptar às novas regras ortográficas, então, acostume-se com a escrita dentro e fora dos padrões.

Por falar em palavras, não me lembro se li, ou se alguém me disse que um escritor tem 15 páginas para te convencer a ler seu livro. Se depois disso você não sentir atração pelo texto, parta para outro (livro ou escritor).

Aqui não existirão livros. Digitarei 500, mil, cinco mil caracteres (textos enormes, se pensarmos que a nova moda são os 140 toques por postagem), portanto, não hesite em parar de ler caso o primeiro parágrafo não agrade. Vá para outro texto, outro blog, ou então, vá para a puta que pariu.

Aproveite!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Em fim, em volta...

Sempre que saiam, o mais gostoso era a volta para casa. De madrugada as ruas ficam vazias e os dois podiam ir embora caminhando. Apesar de todos os problemas, Belo Horizonte ainda é uma cidade segura. Mas isso não os preocupava. Ela sempre fora acostumada a isso. Ele adorava andar com alguém durante a noite, mas não o fazia há muitos anos.

No meio do caminho, sempre faziam uma parada. Assim, podiam se curtir cada vez mais. Porém, em uma noite de quarta-feira, as coisas foram diferentes para ele. Quando perceberam, o relógio marcava mais de três horas da manhã. O bar já estava completamente vazio. Ninguém nas mesas de sinuca. Garçons empilhando as cadeiras. Até mesmo o rock & roll, trilha sonora de suas noites não era mais ouvido. O DJ já tinha desligado o som há tempos.

Apesar disso, os dois não se importaram com a situação. Aquela noite era deles. Era para eles. Em poucos dias, ela estaria partindo. Ia para a Europa estudar. Quando saíram do bar – fechado e abafado - um clima convidativamente frio vinha da rua. Estranho, pois era no meio de setembro, época de noites quentes ou chuvosas.

Quando começa a descer a rua, ela pergunta o que ele está fazendo. “Vou achar um táxi pra gente, oras.” Então, a frase que ele nunca vai se esquecer. “Você acha que vou perder a chance de voltar a pé com você pra casa?” E os dois sobem a avenida rumo à casa dela. São poucos quarteirões, mas, mesmo que fossem quilômetros, ele andaria. A levaria nos braços se fosse preciso.

Quando estão chegando, param no lugar de sempre. Naquela esquina, passam o resto da noite encostados no muro de uma casa antiga – a única testemunha de um caso, rolo, namoro com data para acabar. Logo depois de deixá-la na portaria do prédio, vai embora se sentindo o cara mais feliz do mundo. Mesmo tendo consciência de que em poucos dias não vai mais viver aquilo, não se importa em saber que sentirá saudades do cheiro dela, dos telefonemas para saber se ele chegou bem em casa, das conversas horas a fio e do ciúme que começava a sentir.

A única coisa que o incomoda é saber que a partir de agora, quando voltar caminhando de madrugada para casa, será sem ela.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lady Kate no cinema?

Não. Até onde sei a personagem cômica de Katiuscia Canoro não irá parar nas telonas. Não farão um longa sobre a nova rica que tenta a todo custo entrar na high society. Lady Kate está no cinema por causa de um dos seus bordões. Na verdade, Lady Kate não está, Lady Kate é. O tal do “eu tô pagando” já faz parte do nosso cotidiano, sendo dito e visto nas ações de muita gente. Sexta-feira passada, Inimigos Públicos estreou no Brasil. O filme é dirigido por Michael Mann. O cara é foda! “Fogo Contra Fogo”, “O Informante”, “Collateral” e “Miami Vice” são apenas alguns dos seus trabalhos. Fui conferir o mais recente, que conta a história de John Dillinger e seu bando.

Infelizmente, não estava no meu melhor dia. Tinha saído do dentista e fui obrigado a gastar um dinheiro que não queria, não podia, não tinha. Faz parte. Sessão das 17h50 de uma sexta-feira. Um pouco de lazer é ótimo para começar o fim de semana. Impossível! Meu amigo, se quiser ir ao cinema e não sentir vontade de matar quase todos ao seu redor, vá entre segunda e quarta. De preferência, na sessão das 15h. Sei que fica difícil pra quem trabalha, mas é a única forma de aproveitar plenamente a sétima arte. Em qualquer outro dia ou em qualquer outro horário, vai ter motivos de sobra pra arrumar uma confusão.

Vou resumir as duas horas e pouco que passei na sala de cinema do Cinemark, no Pátio Savassi. Você pode estar pensando: “Ah, mas olha o lugar que você escolheu”. Ledo engano, filho ingrato. Vá ao Belas Artes, Usina, Humberto Mauro, Shopping Cidade, BH Shopping, Diamond Mall e tudo será igual.

Quando entrei, o filme já estava pra começar. A sala estava vazia. Achei ótimo. O problema: me esqueci que a fila da lanchonete estava imensa. Quando as luzes se apagaram, a multidão foi chegando com aqueles sacos de pipoca fedendo a manteiga e baldes de refrigerante. Em menos de cinco minutos, fui do céu ao inferno.

E o filme começa. Aos poucos, a galera vai se calando. Mas, como vovô já dizia, “Sempre tem um filho da puta”. E tinha. E eu não gosto de filhos da puta. Então, fui obrigado a fazer o que sempre faço nessas situações: explicar ao filho da puta que ele não estava sozinho no cinema. Qual a resposta dele? “Peraí cara, eu também paguei ingresso!” Agora você entendeu o motivo de eu ter evocado Lady Kate. O primeiro problema: não é a primeira vez que ouço isso de alguém quando estou no cinema. O outro problema: ele não pagou para incomodar os outros.

Será que as pessoas estão apenas repetindo o bordão de Lady Kate ou será que o “eu tô pagando” dela foi inspirado nessas pessoas? Aposto um dedo da minha mão na segunda alternativa. Na verdade, aposto que toda a personagem é inspirada na nossa nova classe média e nos nossos novos ricos. Essas pessoinhas acham que pagar por algo lhes dá o direito de passar por cima de todos. Os seus direitos estão acima dos direitos de qualquer outra pessoa. Me mordam!

Pra terminar o meu martírio: na fileira logo à minha frente, à esquerda, três mocinhas na faixa dos seus 20 anos. Lá pela metade do filme, uma comenta com as outras: aposto que ele vai morrer no final, se referindo ao bandido (interpretado por Johnny Depp). Quase saí do cinema, porque senão, era ela quem iria morrer. Senti uma vontade incontrolável de esganar aquela pobre criatura.

Nenhum brasileiro é obrigado a saber quem foi John Dillinger, um dos principais inimigos públicos dos EUA. Mas todos nós estudamos a Grande Depressão dos Estados Unidos. Qualquer pessoa nascida no século XX sabe que a década de 1930 foi a Era de Ouro dos roubos a banco no país do Tio Sam. Qualquer um sabe quem foi Al Capone. Sabemos que a lei seca criou os maiores gângsteres de todos os tempos. Quem nunca ouviu falar na “Chicago dos anos 30”? Todos ouvimos falar sobre Bonnie e Clyde. Ou não?

Assim que a sessão acabou, saí do cinema e só conseguia pensar em Lady Kate. Além de retratar a pretensão das pessoas que “estão pagando”, ela mostra uma dura realidade. A nossa classe “pensante”, a nossa “elite cultural” é composta por um bando de ignorantes, burros, imbecis. Analfabetos funcionais por excelência. Apesar de fazer rir, Lady Kate é uma personagem trágica.

Ah, antes que me esqueça! Hoje, numa quarta-feira de muito calor, fui à sessão das 14h50. No mesmo shopping. Na mesma sala. Éramos no máximo 30 pessoas. Quer saber como foi? Faça o mesmo que eu. Ou então, faça o que algumas pessoas estão fazendo: compre uma TV de LCD de 50 polegadas, um home theater de primeira, se tranque em casa e para de ir ao cinema.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Para aumentar as vendas...

...as companhias aéreas da Argentina deviam lançar uma nova campanha publicitária. Assim, estimulariam as viagens dos hermanos durante o fim do ano. Abaixo, uma sugestão de slogan:

"PASSAGEM AÉREA PARA DUBAI: ESTUDIANTES PAGAM MEIA"

Hahahahahahahaha...
Fui!!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Hoje é dia de agradecimentos

Matheus Diniz thanks: Robert Plant, Jimmy Page, Eric Clapton, Tom Waits, Patti Smith, Mick Jones, Steve Winwood, Ginger Baker, Jack Bruce, Mick Jagger, Keith Richards, Keith Moon, Pete Townsend, Rory Gallagher, Mark Sandman, Dan Auerbach, Patrick Carney, Dave Matthews, Boyd Tinsley, LeRoy Moore, Johnny Rotten, Junior Kimbrough, Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Chuck Berry, Nick Cave, Alvin Lee, Rob Tyner, Wayne Kramer, Buddy Guy, Howlin' Wolf, Elvis Presley, Angus Young, Bon Scott, Jim Morrison, John Bonhan, Bob Dylan, Eddie Vedder, Janis Joplin, Brian Jones, Ian Curtis, Muddy Waters, Neil Young, Taj Mahal, Jimi Hendrix, Steve Ray Vaughan, Chris Robinson, Mark Lanegan, John Lee Hooker, Kurt Cobain, Chris Cornell, Ozzy Osbourne, Tommy Iommi, James Hetfield, John Lennon, Paul McCartney, Lighting Hopkins, Bryan Ferry, Charlie Feathers, Layne Staley, Jerry Cantrell, Caleb Followill, Beck, David Gilmour, Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason, David Coverdale, David Bowie, Marc Bolan, Robert Johnson, Mark Knopfler, Ian Anderson, Freddie Mercury, Brian May, John Densmore, Axl Rose e a todos que fazem do dia 13 de julho a data mais importante do nosso calendário. Aos que me esqueci, mil desculpas.

"Hey Hey, My My, rock and roll can never die..."

domingo, 12 de julho de 2009

Quando a emoção supera a discussão

Algumas coisas nunca mudam. A briga de egos na F-1 continua. Quando tudo parecia estar resolvido, o louco senhor Max Mosley volta a fazer as dele. Os representantes da FOTA, idem. E continuamos sem saber qual o rumo da categoria para 2010. Por sorte, uma novidade na corrida deste domingo. O GP da Alemanha (que marca a metade da temporada), realizado no circuito de Nurburgring, mostrou que qualquer esporte é feito de emoção. Um ótimo advogado não pode presidir a FIA, não pode interferir no regulamento. Ele não faz idéia das necessidades dos pilotos.

Muitos dizem que a F-1 é um esporte menor. Mas não é. É um esporte de engenharia e alta tecnologia. Sem um bom carro, um piloto não vence. Sem um bom piloto, um carro de ponta não chega a lugar algum. E na hora da vitória, vemos o que é comum em todos os esportes: superação e emoção.

A mistura de êxtase e o choro de Mark Webber mostraram isso. Depois de mais de 130 corridas disputadas, o australiano esteve no lugar mais alto do pódio. Para ele, ouvir o hino do seu país em terra estrangeira deve ter sido o maior momento da carreira. Pra mim, a comunicação entre Webber e a RBR (vídeo abaixo) via rádio ao fim da prova fez a temporada mais louca dos últimos anos valer minha paixão por esse esporte.

Pra não perder o costume, e voltando ao “algumas coisas nunca mudam”: ver o Rubinho demonstrar não ser um piloto pronto para ser campeão (ele é o típico “born to lose”) completou meu domingo. O cara culpa a equipe e não admite sua falta de capacidade para ganhar. Brawn GP, abra seu olho! Mark Webber e Sebastian Vettel estão vindo com tudo e vocês só podem contar com Jenson Button. O outro, é um menino mimado que nunca está satisfeito com nada.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sem palavras

Assim como a música. Instrumental, melancólica...
Só vou dizer o seguinte: assistam ao filme "A Sombra De Um Homem" e, por favor, baixem ou comprem a trilha sonora. Uma das melhores no estilo noir que ouvi nos últimos tempos.


Listen and cry...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quem ouve o que quer...

Uma das piores frases que alguém pode dizer: “Ah, eu ouço de tudo.” O escambau! Quem ouve tudo não ouve nada. Ser uma pessoa eclética tudo bem, agora, o tal do ouvir tudo, ou ouvir de tudo? Isso me tira do sério, mas hoje percebi que a língua é o chicote do corpo.

Meu iPod está praticamente cheio. Só posso usar mais 4GB (caso tire os vídeos, fotos e as capas dos álbuns, a capacidade sobe pra pouco mais de 7GB). Tenho 22.675 músicas no brinquedinho desenvolvido por Steve Jobs.
Venhamos e convenhamos: ele é minha discoteca. É impossível ouvir esse tanto de música sem fazer algum tipo de seleção. Por isso, crio minhas playlists. Tenho várias. Estão divididas por décadas, estilos, duração, artistas semelhantes, etc.. Ah, também têm aquelas criadas pelo Genius (uma besteirinha do iTunes).

Outro dia, montei uma que me espantou! Sou realmente eclético? Um barango? Ou um sem noção? Olha isso:

1: Flick Of The Switch – AC/DC
2: Colors – Amos Lee & Norah Jones
3: Take My Breath Away (Ela mesma. Trilha Sonora de Top Gun) – Berlin
4: God’s Got It (ao vivo) – The Black Crowes
5: Don’t Stop The Dance – Bryan Ferry
6: Slave To Love (Sim! Trilha de 9¹/² Semanas de Amor) – Bryan Ferry
7:
I Believe In You – Cat Power
8: Theme From New York, New York – Cat Power
9: Woman Left Lonely – Cat Power
10: Walking After Midnight – Cowboy Junkies
11: Walking After Midnight (ao vivo) – Cowboy Junkies
12: Outside Woman Blues – The Cream
13: Squirm – Dave Matthews Band
14: Babylon II – David Gray
15: Carmensita – Devendra Banhart
16: Rosa – Devendra Banhart
17: Seahorse – Devendra Banhart
18: Hurdy Gurdy Man – Donovan
19: Second Nature – Eric Clapton
20: Forever Man (ao vivo) – Eric Clapton & Steve Winwood
21: A Woman Left Lonely – Janis Joplin
22: Equinox – John Coltrane
23: Lord, Have Mercy On Me – Junior Kimbrough & The Soul Blues Boys
24:
You Really Got Me – The Kinks
25: Trouble – Lindsay Buckingham
26: Bartender – London Contemporary String Ensemble
27: Everyday – London Contemporary String Ensemble
28: Say Goodbye – London Contemporary String Ensemble
29: Tu Vuo' Fa l'Americano (Trilha de O Talentoso Ripley) – Matt Damon, Jude Law, Fiorello & The Guy Barker International Quintet
30: Suzanne – Perla Batalla, Nick Cave & Julie Christensen
31: Any Man – Rocco DeLuca & The Burden
32: Save Yourself – Rocco DeLuca & The Burden
33: Magnificent – U2
34: Fool For Your Loving (ao vivo) – Whitesnake
35: If You Want Me – Whitesnake


Não vou entrar no mérito da qualidade das músicas. Se eu gosto, ponto! Mas é muito estranho! Entre uma música e outra, parecia que eu tinha acabado de ver um filme com o Chuck Norris e ia assistir a um do Godard. Ou então, sair de "Missão Impossível II" e entrar em "Festa de Família" (aquele, do movimento dinamarquês Dogma). Cacete! Jazz, hard rock, indie, glam rock, blues, pop e brega tudo de uma só vez? Como diria um grande professor: uma geléia musical. Um viva às playlists!

PS: Walking After Midnight ficou muito famosa na voz de Patsy Cline. Eu, particularmente, não gosto, mas aconselho que procurem as versões do Cowboy Junkies. Elas estão nos álbuns “The Trinity Session” e “Trinity Revisited” – este último, lançado no começo do ano. Uma boa compra, pois é um pack CD+DVD e o preço é honesto. Quem preferir, também pode procurar a versão da Madeleine Peyroux, no álbum “Dreamland”. Na minha opinião, o melhor disco da canadense que todos gostam de chamar de nova Billie Holiday. Coisa de crítico sem imaginação.

Music is Power...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Seja feita a nossa vontade

Depois de algumas doses, os dois vão embora pra casa. O papo foi ótimo. Como sempre. No carro, o que sempre esteve implícito vem à tona. Eles são amigos, mas se quiserem podem jogar a culpa no álcool. Quando o inevitável está para acontecer...

Ela: A gente devia parar.
Ele: Parar com o quê?
Ela: Com isso!
Ele: Por quê?
Ela: Somos amigos. Eu não vou conseguir. Vou começar a rir.
Ele: Mas você prefere chorando?
Ela: Claro que não!
Ele: Então...
Ela: Mas aqui? É muito desconfortável.
Ele: Como você sabe?
Ela: Dããããã...
Ele: Tem que ser em uma cama king size?
Ela: Para de brincadeira!?
Ele: Eu não estou brincando.

Primeiro, o silêncio constrangedor. Depois, o carinho inebriante. E eles fazem. Rindo? Também...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Seriados e Hidrocodona

Rotina. Quem diz conseguir levar a vida sem isso, está mentindo. Eu? Claro que tenho minhas rotinas, meus hábitos. Alguns, tento evitar. Outros, faço questão de cultivar. Sou fã de alguns (vários) seriados da TV a cabo, mas, para não me tornar escravo dos horários, procuro acompanhar apenas alguns. (Senão, como seria minha vida social?) Então, o que faço? Espero a temporada acabar e compro o box com todos os episódios. São poucos. Só sigo “Bones”, “Dexter” (esse, tive que baixar a 2ª e 3ª temporadas, pois não lançaram no Brasil) e acompanhava “Deadwood”. Infelizmente, a HBO não renovou o contrato e o seriado “acabou” sem um fim. O único dia que tiro pra assistir minhas séries é quinta-feira. Às 22h, assisto “Rescue Me” (este também não tem pra vender no Brasil, por isso vejo pela TV) e às 23h, minha favorita: “House M.D.”

Amanhã, deve chegar minha grande aquisição. A coleção completa de “Família Soprano”. Minhas noites de julho já estão garantidas! Pois é, mas hoje é quinta-feira e só pude assistir “Rescue Me”, já que a 5ª temporada do médico mais louco da TV acabou. Mas valeu a pena! A cena final teve Sheila, seminua, fazendo um strip ao som de I’ll Be Your Man, do The Black Keys. O que vou fazer agora? Pegar um livro, é claro. Estou pensando em reler “Os Versos Satânicos” do Salman Rushdie.

No mais, só posso aguardar o começo da sexta temporada. Vou ficar na espera dos comentários ácidos e sarcásticos de House (um médico viciado em Vicodin), mas não posso deixar de registrar a melhor frase dita por ele no começo da 5ª temporada: "Uma garota farrista é divertida até vomitar nos seus sapatos. Então ela passa a ser irritante.” Sem comentários! E pra terminar, a frase célebre do cara: “Everybody Lies”.

Stay healthy and alive

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pólvora branca ou preta?

Ontem à noite, passou Traffic na TV a cabo. Assisti novamente. Já vi o filme uma penca de vezes, mas não me canso dele. Cheio de atores bons, uma temática interessante e fotografia sensacional (a trilha sonora também é nota 10!). Aquele lance de colocar os tons mais amarelos, mais quentes quando as locações são no México, e um tom azulado, bem frio quando se passa nos Estados Unidos foi muito legal. Apesar de o filme tratar o tráfico sobre vários pontos de vista, a única verdade absoluta: nenhum governo conseguirá vencer essa guerra. No mundo real, os bandidos já venceram há tempos.

Domingos atrás, o Fantástico exibiu um vídeo mostrando graves acusações feitas pelo mega-ultra-blaster-traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia. Na gravação, o cara dizia que policiais brasileiros o extorquiram em quase R$ 2 milhões. Quando foi preso em 07 de agosto de 2007, era um dos criminosos mais procurados do mundo e nos mostrou o poder do crime organizado. Com o dinheiro da venda de drogas, Abadia construiu um império. Tanto na Colômbia, quanto no Brasil.

A recompensa que os Estados Unidos ofereciam pelo traficante era a “irrisória” quantia de cinco milhões de dólares. Uma cifra dessas nos mostra a importância de se capturar uma pessoa acusada de mais de 300 assassinatos na Colômbia, envio de mais de 1000 toneladas de cocaína para os Estados Unidos e que, no Brasil, montou revendedoras de carros, empresas e comprou (apesar de agora dizer ter sido extorquido) inúmeros policiais.

É importante mostrar a corrupção da polícia, mas, na verdade, o problema vai muito mais além e nunca é abordado nos jornais: de que forma uma pessoa consegue montar um império deste tamanho e ser acusada de tantos crimes? Não é porque as pessoas se drogam. O seu uso é uma simples forma de alterar o estado de consciência. Sempre existiu e nunca vai deixar de existir. O ser humano precisa de uma válvula de escape para sair da rotina em que vive. Alguns farão isso praticando ioga, outros, cursos de arte. Alguns ouvirão música ou procurarão uma religião, mas nenhuma maneira é mais fácil e rápida do que usar cocaína, maconha, álcool, etc.

A reposta para o império de um traficante está totalmente ligada ao seu “poder de fogo”. Com arco e flecha ou pedras, nunca existiriam Abadias ou Fernandinhos Beira Mar. Com revólveres e pistolas, nenhum bandido em sã consciência peitaria a polícia ou governos. Ou seja, continuaremos a ver o crime organizado como conhecemos enquanto existir o tráfico de armas. Este tipo de venda ilegal é o que mais dá dinheiro no mundo – em segundo lugar, vem justamente o tráfico de drogas.

Outra questão nunca levantada na grande mídia: quais são os fabricantes dessas armas que alimentam os grandes traficantes? Justamente os países que mais tentam interferir no caos que se tornou o tráfico internacional de drogas – Estados Unidos e países da Europa. O muro de Berlim já caiu, a União Soviética não existe mais, todos os territórios do mundo já foram delimitados.

Então, por que a Smith & Swesson, Colt, Sig Sauer e outras fábricas de armamento continuam a produzir fuzis de assalto ou antiaéreos, metralhadoras e vários outros tipos de armas que deveriam ser de uso exclusivo do exército?

A resposta é simples: o poder destas fábricas está acima do poder de qualquer governo. Prova está no filme “O Senhor das Armas”, estrelado por Nicholas Cage (apesar de o cara ser canastrão, fez vários dos meus filmes prediletos). Ele interpreta o papel de um vendedor de armas, que na verdade, é um funcionário “fantasma” do governo dos Estados Unidos. Ele arma quase todos os países da África, ajudando a perpetuar as guerras civis e genocídios cometidos por lá.

Por isso, devemos começar a questionar a intromissão de Estados Unidos e países da Europa aqui na América do Sul. Eles estão muito “preocupados” com a situação na Colômbia, Bolívia ou Brasil. Nós é que devemos subir para lá e começar a questionar algumas coisas. Vamos perguntar à Colt quantas armas ela produz por ano. Vamos ver quanto essas fábricas doam para os partidos políticos dos Estados Unidos. Vamos tentar interferir por lá e impedir que essas armas cheguem nas mãos dos traficantes brasileiros, colombianos ou bolivianos. Vamos deixar todo o poder do crime organizado ser arco, flecha e pedras. E vamos continuar a nos drogar.

Só café. Nada de cigarros...

Hoje, assisti “Sobre Cafés e Cigarros” pela segunda vez. Em casa, as coisas são diferentes: passei um belo café do cerrado na minha Bialetti e fumei todos os Marlboros vermelhos que quis durante o filme. Não vou negar: prestei muito mais atenção hoje. Na primeira vez, assisti no cinema, e, como sou altamente viciado em cafeína e nicotina, no segundo curta do filme, a fissura já tinha me dominado. Me senti o próprio Ewan McGregor se desintoxicando em “Trainspotting”.

Cara, que filme! "Trainspotting" é ótimo, mas estou falando do primeiro. Ele começa bem porque é dirigido pelo Jim Jarmusch. As participações de Tom Waits e Iggy Pop (foto abaixo), Steve Buscemi; Bill Murray; Steve Coogan e os irmãos “White Stripes”, (Jack e Meg White) em conversas inusitadas, nonsense (enquanto tomam café e fumam seus cigarros) são o toque final, a cereja no bolo do longa que começou a ser filmado nos anos 80 e foi lançado completo em 2003.

Mas não estou aqui pra fazer crítica de filme. Quero criticar outra coisa. Na verdade, quero criticar quem tanto me (nos?) persegue. Os não fumantes xiitas. Hoje à tarde, fui ao médico. Descobri que estou com uma leve faringite. Coisa de fumante. Enquanto esperava o ônibus, um senhor de idade estava fumando. Em pé. Na rua. Sentada, no ponto, uma senhora começou a se sentir incomodada com a fumaça. Até aí, tudo normal! O grande problema é que, em vez de apenas se levantar e ir para longe do tiozinho, antes, ela fez uma cena de cinema reclamando da bendita fumaça. Adorei a reação do senhor de idade. Na verdade, adorei a sua total falta de ação. Não falou nada com a mulher. Sequer olhou para ela. Mas é claro! O cara estava no meio da rua! Será que a partir de agora não poderemos mais exercer o direito de ter um prazer (ou satisfazer um vício) nem no meio da rua?

O caso dessa mulher é absurdo. Coisas parecidas já aconteceram comigo e, com certeza, com vários fumantes. Certa vez, estava em um café daqui de Belo Horizonte, quando uma madame me cutucou. Ela já começou mal, pois não admito o dedinho indicador no meu braço seguido do “por favor”. Virei-me e perguntei o que ela queria. E o que era? Ela me pediu pra parar de fumar, pois eu a estava incomodando. Como vovó já dizia: “Os incomodados se retirem”. Só pude dizer isso a ela. Porra! Nove e meia da manhã em uma cafeteria (na época, lá não existia áreas para fumantes e não fumantes) e uma merda de perua vem me mandar apagar o cigarro?! Vá pra puta que pariu com açúcar em cima!

Pouco tempo depois, essa bendita cafeteria criou áreas para fumantes e não fumantes. O problema: a parte interna era praticamente destinada aos não adeptos do pirulito cancerígeno. Adorei quando ela fechou. Pena que deu espaço a mais uma loja de celulares. A Praça da Savassi deveria mudar de nome. “Praça das Operadoras”. Ou então para "Praca Oi! Seu TIM está Vivo? Claro!" Essa foi péssima!

Vou fazer uma comparação ridícula e infeliz, pois a situação pede isso. Qualquer pessoa pode entrar em uma cafeteria, em uma tabacaria. Da mesma forma, todos podem ir a uma boate gay (GLBT, GLS, sei lá). Ninguém pode impedir. Agora, o lance é simples. Ambiente. Uma cafeteria ou uma tabacaria são ambientes feitos para nós (fumantes). Ali, passamos horas curtindo nossos prazeres (fumar, tomar café, ler) e não queremos ser incomodados. Se você não gosta, o problema é seu, mas não me peça para apagar o meu cigarro. Se eu estiver em uma boate gay e um cara passar a mão na minha bunda, eu não vou partir pra cima dele dando porrada. Ali é o lugar dele. Ele pode passar a mão na minha bunda. Só vai caber a mim, dizer que não é a minha praia. Ponto.

Voltando aos cafés e cigarros. Cheguei ao consultório bem mais cedo do que esperava, então, fui para o Kahlua Café. Adoro aquele lugar! Adoro conhecer os garçons, alguns freqüentadores, o dono do café. Adoro saber que lá só tem área para fumantes. Adoro me sentar sozinho ou com um amigo e passar horas pitando, tomando um café ou uma água e jogando conversa fora. Quem não gostar, vá para outro lugar. Mas isso me fez lembrar que, daqui a pouco, a situação vai ser diferente. Essa lei proibindo o fumo em ambientes fechados vem me dando medo. Já existe em vários países (até na França), já tá pra entrar em vigor em São Paulo e, pelo jeito, não demora a chegar aqui. Mas essa lei fica pra próxima, pois, além de estar ouvindo Cat Power, o remédio que a médica me receitou pra faringite parece ser forte. Mesmo tendo tomado uma bela xícara de café, o sono tá me matando.

Au revoir...