Domingos atrás, o Fantástico exibiu um vídeo mostrando graves acusações feitas pelo mega-ultra-blaster-traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia. Na gravação, o cara dizia que policiais brasileiros o extorquiram em quase R$ 2 milhões. Quando foi preso em 07 de agosto de 2007, era um dos criminosos mais procurados do mundo e nos mostrou o poder do crime organizado. Com o dinheiro da venda de drogas, Abadia construiu um império. Tanto na Colômbia, quanto no Brasil.
A recompensa que os Estados Unidos ofereciam pelo traficante era a “irrisória” quantia de cinco milhões de dólares. Uma cifra dessas nos mostra a importância de se capturar uma pessoa acusada de mais de 300 assassinatos na Colômbia, envio de mais de 1000 toneladas de cocaína para os Estados Unidos e que, no Brasil, montou revendedoras de carros, empresas e comprou (apesar de agora dizer ter sido extorquido) inúmeros policiais.
É importante mostrar a corrupção da polícia, mas, na verdade, o problema vai muito mais além e nunca é abordado nos jornais: de que forma uma pessoa consegue montar um império deste tamanho e ser acusada de tantos crimes? Não é porque as pessoas se drogam. O seu uso é uma simples forma de alterar o estado de consciência. Sempre existiu e nunca vai deixar de existir. O ser humano precisa de uma válvula de escape para sair da rotina em que vive. Alguns farão isso praticando ioga, outros, cursos de arte. Alguns ouvirão música ou procurarão uma religião, mas nenhuma maneira é mais fácil e rápida do que usar cocaína, maconha, álcool, etc.
A reposta para o império de um traficante está totalmente ligada ao seu “poder de fogo”. Com arco e flecha ou pedras, nunca existiriam Abadias ou Fernandinhos Beira Mar. Com revólveres e pistolas, nenhum bandido em sã consciência peitaria a polícia ou governos. Ou seja, continuaremos a ver o crime organizado como conhecemos enquanto existir o tráfico de armas. Este tipo de venda ilegal é o que mais dá dinheiro no mundo – em segundo lugar, vem justamente o tráfico de drogas.
Outra questão nunca levantada na grande mídia: quais são os fabricantes dessas armas que alimentam os grandes traficantes? Justamente os países que mais tentam interferir no caos que se tornou o tráfico internacional de drogas – Estados Unidos e países da Europa. O muro de Berlim já caiu, a União Soviética não existe mais, todos os territórios do mundo já foram delimitados.
Então, por que a Smith & Swesson, Colt, Sig Sauer e outras fábricas de armamento continuam a produzir fuzis de assalto ou antiaéreos, metralhadoras e vários outros tipos de armas que deveriam ser de uso exclusivo do exército?
A resposta é simples: o poder destas fábricas está acima do poder de qualquer governo. Prova está no filme “O Senhor das Armas”, estrelado por Nicholas Cage (apesar de o cara ser canastrão, fez vários dos meus filmes prediletos). Ele interpreta o papel de um vendedor de armas, que na verdade, é um funcionário “fantasma” do governo dos Estados Unidos. Ele arma quase todos os países da África, ajudando a perpetuar as guerras civis e genocídios cometidos por lá.
Por isso, devemos começar a questionar a intromissão de Estados Unidos e países da Europa aqui na América do Sul. Eles estão muito “preocupados” com a situação na Colômbia, Bolívia ou Brasil. Nós é que devemos subir para lá e começar a questionar algumas coisas. Vamos perguntar à Colt quantas armas ela produz por ano. Vamos ver quanto essas fábricas doam para os partidos políticos dos Estados Unidos. Vamos tentar interferir por lá e impedir que essas armas cheguem nas mãos dos traficantes brasileiros, colombianos ou bolivianos. Vamos deixar todo o poder do crime organizado ser arco, flecha e pedras. E vamos continuar a nos drogar.
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