Cara, que filme! "Trainspotting" é ótimo, mas estou falando do primeiro. Ele começa bem porque é dirigido pelo Jim Jarmusch. As participações de Tom Waits e Iggy Pop (foto abaixo), Steve Buscemi; Bill Murray; Steve Coogan e os irmãos “White Stripes”, (Jack e Meg White) em conversas inusitadas, nonsense (enquanto tomam café e fumam seus cigarros) são o toque final, a cereja no bolo do longa que começou a ser filmado nos anos 80 e foi lançado completo em 2003.
Mas não estou aqui pra fazer crítica de filme. Quero criticar outra coisa. Na verdade, quero criticar quem tanto me (nos?) persegue. Os não fumantes xiitas. Hoje à tarde, fui ao médico. Descobri que estou com uma leve faringite. Coisa de fumante. Enquanto esperava o ônibus, um senhor de idade estava fumando. Em pé. Na rua. Sentada, no ponto, uma senhora começou a se sentir incomodada com a fumaça. Até aí, tudo normal! O grande problema é que, em vez de apenas se levantar e ir para longe do tiozinho, antes, ela fez uma cena de cinema reclamando da bendita fumaça. Adorei a reação do senhor de idade. Na verdade, adorei a sua total falta de ação. Não falou nada com a mulher. Sequer olhou para ela. Mas é claro! O cara estava no meio da rua! Será que a partir de agora não poderemos mais exercer o direito de ter um prazer (ou satisfazer um vício) nem no meio da rua?
O caso dessa mulher é absurdo. Coisas parecidas já aconteceram comigo e, com certeza, com vários fumantes. Certa vez, estava em um café daqui de Belo Horizonte, quando uma madame me cutucou. Ela já começou mal, pois não admito o dedinho indicador no meu braço seguido do “por favor”. Virei-me e perguntei o que ela queria. E o que era? Ela me pediu pra parar de fumar, pois eu a estava incomodando. Como vovó já dizia: “Os incomodados se retirem”. Só pude dizer isso a ela. Porra! Nove e meia da manhã em uma cafeteria (na época, lá não existia áreas para fumantes e não fumantes) e uma merda de perua vem me mandar apagar o cigarro?! Vá pra puta que pariu com açúcar em cima!
Pouco tempo depois, essa bendita cafeteria criou áreas para fumantes e não fumantes. O problema: a parte interna era praticamente destinada aos não adeptos do pirulito cancerígeno. Adorei quando ela fechou. Pena que deu espaço a mais uma loja de celulares. A Praça da Savassi deveria mudar de nome. “Praça das Operadoras”. Ou então para "Praca Oi! Seu TIM está Vivo? Claro!" Essa foi péssima!
Vou fazer uma comparação ridícula e infeliz, pois a situação pede isso. Qualquer pessoa pode entrar em uma cafeteria, em uma tabacaria. Da mesma forma, todos podem ir a uma boate gay (GLBT, GLS, sei lá). Ninguém pode impedir. Agora, o lance é simples. Ambiente. Uma cafeteria ou uma tabacaria são ambientes feitos para nós (fumantes). Ali, passamos horas curtindo nossos prazeres (fumar, tomar café, ler) e não queremos ser incomodados. Se você não gosta, o problema é seu, mas não me peça para apagar o meu cigarro. Se eu estiver em uma boate gay e um cara passar a mão na minha bunda, eu não vou partir pra cima dele dando porrada. Ali é o lugar dele. Ele pode passar a mão na minha bunda. Só vai caber a mim, dizer que não é a minha praia. Ponto.
Voltando aos cafés e cigarros. Cheguei ao consultório bem mais cedo do que esperava, então, fui para o Kahlua Café. Adoro aquele lugar! Adoro conhecer os garçons, alguns freqüentadores, o dono do café. Adoro saber que lá só tem área para fumantes. Adoro me sentar sozinho ou com um amigo e passar horas pitando, tomando um café ou uma água e jogando conversa fora. Quem não gostar, vá para outro lugar. Mas isso me fez lembrar que, daqui a pouco, a situação vai ser diferente. Essa lei proibindo o fumo em ambientes fechados vem me dando medo. Já existe em vários países (até na França), já tá pra entrar em vigor em São Paulo e, pelo jeito, não demora a chegar aqui. Mas essa lei fica pra próxima, pois, além de estar ouvindo Cat Power, o remédio que a médica me receitou pra faringite parece ser forte. Mesmo tendo tomado uma bela xícara de café, o sono tá me matando.
Au revoir...
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