Estão todos aí?

Todo jornalista, todo escritor, todos que se propõem a publicar seus textos são vaidosos, narcisistas por excelência. E eu sou um deles - um narcisista inseguro. Por isso, resolvi postar em vez de me prostrar. A idéia de “Por Volta da Meia Noite” surgiu para compartilhar devaneios, reflexões e amenidades com quem estiver disposto. Mas por favor, não leve me leve a sério. Todas essas palavras são despretensiosas, embora eu não as esteja jogando ao vento.

Logo acima, escrevi idéia porque tenho até 2012 para me adaptar às novas regras ortográficas, então, acostume-se com a escrita dentro e fora dos padrões.

Por falar em palavras, não me lembro se li, ou se alguém me disse que um escritor tem 15 páginas para te convencer a ler seu livro. Se depois disso você não sentir atração pelo texto, parta para outro (livro ou escritor).

Aqui não existirão livros. Digitarei 500, mil, cinco mil caracteres (textos enormes, se pensarmos que a nova moda são os 140 toques por postagem), portanto, não hesite em parar de ler caso o primeiro parágrafo não agrade. Vá para outro texto, outro blog, ou então, vá para a puta que pariu.

Aproveite!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lady Kate no cinema?

Não. Até onde sei a personagem cômica de Katiuscia Canoro não irá parar nas telonas. Não farão um longa sobre a nova rica que tenta a todo custo entrar na high society. Lady Kate está no cinema por causa de um dos seus bordões. Na verdade, Lady Kate não está, Lady Kate é. O tal do “eu tô pagando” já faz parte do nosso cotidiano, sendo dito e visto nas ações de muita gente. Sexta-feira passada, Inimigos Públicos estreou no Brasil. O filme é dirigido por Michael Mann. O cara é foda! “Fogo Contra Fogo”, “O Informante”, “Collateral” e “Miami Vice” são apenas alguns dos seus trabalhos. Fui conferir o mais recente, que conta a história de John Dillinger e seu bando.

Infelizmente, não estava no meu melhor dia. Tinha saído do dentista e fui obrigado a gastar um dinheiro que não queria, não podia, não tinha. Faz parte. Sessão das 17h50 de uma sexta-feira. Um pouco de lazer é ótimo para começar o fim de semana. Impossível! Meu amigo, se quiser ir ao cinema e não sentir vontade de matar quase todos ao seu redor, vá entre segunda e quarta. De preferência, na sessão das 15h. Sei que fica difícil pra quem trabalha, mas é a única forma de aproveitar plenamente a sétima arte. Em qualquer outro dia ou em qualquer outro horário, vai ter motivos de sobra pra arrumar uma confusão.

Vou resumir as duas horas e pouco que passei na sala de cinema do Cinemark, no Pátio Savassi. Você pode estar pensando: “Ah, mas olha o lugar que você escolheu”. Ledo engano, filho ingrato. Vá ao Belas Artes, Usina, Humberto Mauro, Shopping Cidade, BH Shopping, Diamond Mall e tudo será igual.

Quando entrei, o filme já estava pra começar. A sala estava vazia. Achei ótimo. O problema: me esqueci que a fila da lanchonete estava imensa. Quando as luzes se apagaram, a multidão foi chegando com aqueles sacos de pipoca fedendo a manteiga e baldes de refrigerante. Em menos de cinco minutos, fui do céu ao inferno.

E o filme começa. Aos poucos, a galera vai se calando. Mas, como vovô já dizia, “Sempre tem um filho da puta”. E tinha. E eu não gosto de filhos da puta. Então, fui obrigado a fazer o que sempre faço nessas situações: explicar ao filho da puta que ele não estava sozinho no cinema. Qual a resposta dele? “Peraí cara, eu também paguei ingresso!” Agora você entendeu o motivo de eu ter evocado Lady Kate. O primeiro problema: não é a primeira vez que ouço isso de alguém quando estou no cinema. O outro problema: ele não pagou para incomodar os outros.

Será que as pessoas estão apenas repetindo o bordão de Lady Kate ou será que o “eu tô pagando” dela foi inspirado nessas pessoas? Aposto um dedo da minha mão na segunda alternativa. Na verdade, aposto que toda a personagem é inspirada na nossa nova classe média e nos nossos novos ricos. Essas pessoinhas acham que pagar por algo lhes dá o direito de passar por cima de todos. Os seus direitos estão acima dos direitos de qualquer outra pessoa. Me mordam!

Pra terminar o meu martírio: na fileira logo à minha frente, à esquerda, três mocinhas na faixa dos seus 20 anos. Lá pela metade do filme, uma comenta com as outras: aposto que ele vai morrer no final, se referindo ao bandido (interpretado por Johnny Depp). Quase saí do cinema, porque senão, era ela quem iria morrer. Senti uma vontade incontrolável de esganar aquela pobre criatura.

Nenhum brasileiro é obrigado a saber quem foi John Dillinger, um dos principais inimigos públicos dos EUA. Mas todos nós estudamos a Grande Depressão dos Estados Unidos. Qualquer pessoa nascida no século XX sabe que a década de 1930 foi a Era de Ouro dos roubos a banco no país do Tio Sam. Qualquer um sabe quem foi Al Capone. Sabemos que a lei seca criou os maiores gângsteres de todos os tempos. Quem nunca ouviu falar na “Chicago dos anos 30”? Todos ouvimos falar sobre Bonnie e Clyde. Ou não?

Assim que a sessão acabou, saí do cinema e só conseguia pensar em Lady Kate. Além de retratar a pretensão das pessoas que “estão pagando”, ela mostra uma dura realidade. A nossa classe “pensante”, a nossa “elite cultural” é composta por um bando de ignorantes, burros, imbecis. Analfabetos funcionais por excelência. Apesar de fazer rir, Lady Kate é uma personagem trágica.

Ah, antes que me esqueça! Hoje, numa quarta-feira de muito calor, fui à sessão das 14h50. No mesmo shopping. Na mesma sala. Éramos no máximo 30 pessoas. Quer saber como foi? Faça o mesmo que eu. Ou então, faça o que algumas pessoas estão fazendo: compre uma TV de LCD de 50 polegadas, um home theater de primeira, se tranque em casa e para de ir ao cinema.

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